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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

O HORTO FLORESTAL DE CANDEIAS.


 --- Eu gosto muito de passear no meu passado. De vez em quando tomo a estrada da minha vida, asfaltada pelo tempo, para visitar os lugares onde nasci, vivi, convivi e trabalhei. Não ouso matar a saudade que carrego comigo. Eu a deixo viver. Afinal um coração para bater feliz, é preciso desse ter saudade.---- No meu estojo de saudades eu guardo muitas delas; de familiares e amigos que foram levados por Deus;   dos lugares por onde passei; saudade da minha adolescência insegura, enfim, eu tenho um coração cheio de saudade. --- Mas a saudade que se encontra mais distante de mim e mais próxima ao mesmo tempo é a saudade da minha infância na minha querida Candeias, o meu torrão natal. Ali está a saudade do tempo em que eu não entendia desse sentimento chamado saudade.   

--- Hoje, eu dei uma bispada no retrovisor da minha vida e vi bem distante o horto florestal de Candeias, que ocupava toda a área do matadouro municipal desativado e o estádio do Rio Branco Esporte Clube, o meu querido “Ranca Tôco”.--- Esse horto teria sido criado na gestão do prefeito José Pinto de Resende nos fins da década de 50 diante de um festão de inauguração, quando no local foi oferecido ao povo de Candeias um churrasco com fartura e refrigerante. Eu desconheço as causas que deram o fim a existência desse horto. Pode-se, imaginar que terá sido um desinteresse político, o que é lamentável porque é de se saber que a existência de um horto ajuda a proteger as espécies de plantas principalmente, de animais, pois é considerado um oásis metropolitano além da contribuição com a educação ambiental, o lazer e outros serviços essenciais ao bem-estar do ser humano.

--- O nosso horto florestal era um ponto de lazer ativo. Nos fins de semana, a minha rua era um sobe e desce o dia todo, das pessoas que iam visitar o horto e um ponto sugestivo para os namorados e idosos. Era uma área bastante desenvolvida e contava três divisões, cada uma com função diferente. No centro um grande galpão onde esta o escritório do engenheiro chefe e outras divisões determinadas. O horto era administrado por um engenheiro agrônomo. e um gerente. Eram vistos subindo e descendo todos os dias. O engenheiro não me faço lembrar o nome, mas o gerente chamava-se Victor. Era ele que administrava o serviço dos meninos e rapazes que trabalhavam aprendendo e plantando e fazendo os pequenos potes para semeadura. Meninos eram diaristas por um ganho pequeno.  

--- Sr. Victor, o gerente, morava numa casa da rua Professor Barreto, Era casado tinha filhos, mas era separado da esposa. Morava sozinho. Uma pessoa meia difícil de ser entendida. Se não me engano era natural da cidade de Boa Esperança. Seus filhos o visitava de vez em quando. Ele era uma pessoa um tanto excêntrica. Estatura média, idade por volta dos 50 anos, pele clara,  camisa esporte e chapéu de lebre. --- Um dia estava para muito papo, no outro estava caladão. Ele fumava e não gostava que os trabalhadores do horto fumassem. E os meninos que trabalhavam no horto viviam vigiando-o quando ele jogava o toco de cigarro fora, para aproveita-lo --- 

--- Certa vez um fazendeiro lhe presenteou com um saco de milho verde. E então ele convidou três dos meninos para ir até a sua casa ajuda-lo a ralar o milho para fazer pamonha. Ai Sr. Vitor se mostrou uma pessoa muito diferente (sei não) Durante essa festa da “ralação” de milho, ele entrou para o banheiro, defecou num penico, colocou as fezes dentro de um saco de  plástico, misturou um pouco de milho ralado aumentou o volume com jornal e fez um embrulho de presente. --- Tomou desse  “pombo sem asa” e colocou no meio da rua, correu para dentro de casa e ficou olhando, pela fresta da janela para ver alguém apanhar o embrulho. ---- Deixando os meninos completamente assustados com esse comportamento, vindo de um homem tão sério lá no trabalho. (sei não).

 --- Ser excêntrico não significa ser louco, mas sim ser uma pessoa diferente das demais da sociedade que são normais.

 Armando Melo de Castro.

 

 

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