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terça-feira, 17 de agosto de 2021

CANDEIAS, FONTE DE EXEMPLOS CRISTALINOS.

 O cavalo é um animal lindo e muito elegante; é um animal cujo relacionamento com o homem tem uma história intensa, diversificada, e o espaço aqui é minguado para falar muito sobre ele. Trata-se de uma história interessante e eu recomendo às pessoas que gostam desse animal, que procure conhecê-lo desde a sua origem. ---- Durante muito tempo o cavalo foi apenas meio de transporte, e dada a sua força ainda é muito usado pelo trabalho na zona rural. Mas nos dias atuais ele vem sendo transformado, também, como lazer e como animal de companhia e estimação. --- O homem cria a galinha porque ela lhe dá o ovo; a vaca porque lhe dá o leite o boi porque ele dá a carne, assim como outros animais. Mas cá entre nós, o cavalo morre de velho.

Belo e de postura elegante vem tomando espaço no coração do homem. Portanto ele se une com a alma do cavaleiro. Reparem pois, o rosto de alguém que cavalga;-- ele só não ocupa o mesmo espaço do cachorro tendo em vista as proporções. Quem já viu um cavalo domesticado com certeza ficará encantado. Além de tudo isso, ele  é inspiração para os poetas e escritores, para os filósofos e  autores e tem uma grande participação na ciência dos remédios. Trata-se de um animal que vem a cada dia ganhando a simpatia e o amor das pessoas. Eu vejo aqui em Juiz de fora, proprietários de pequenas chácaras que têm um cavalo ali para enfeitar a área.

Aquele que realmente ama o seu cavalo, jamais o deixará praticar um ato de destruição e com isso deteriorando a beleza a elegância e a postura dessa raça tão querida e tão amiga do homem. -----  Eu vi passar na internet um vídeo mostrando uma verdadeira anarquia nos jardins de Candeias. Cavalos soltos pastando as gramas que não foram plantadas para esse destino. Era o resultado de uma cavalgada. Meu Deus, mas o que é isso acontecendo nas nossas praças ajardinadas de Candeias? Eu me senti assustado e custo a acreditar que vi isso pela internet, em plena pandemia, quando a liberdade da sociedade está restrita.

Eu vi esses jardins serem construídos com tanto amor, quando existiam até guardas durante a noite e jardineiros durante o dia. --- Eu como diversos contemporâneos meus trabalhamos na construção dessas praças e jardins, vendo isso é como se fosse um pesadelo. Candeias não merece esse desmando, essa falta de amor. Quem terá feito isso meu Deus! Meu Pai, quem terá permitido isso? Que tristeza!

Uma cavalgada atravessar a cidade é uma coisa linda. Trata-se um desfile maravilhoso. Mas deixar que esses animais tão queridos pelo povo façam o que fizeram, é porque foi uma permissão de pessoas sem sensibilidade, que não ama Candeias e nem os seus cavalos. Existe um ditado que diz: “Não se enforca um homem porque ele roubou um cavalo, mas para que não roube mais cavalos.”

Eu estou longe de você minha querida Candeias. Sai de você, mas você não saiu de mim. Basta-me a alegria de saber que você está ai guardando a mesma rua em que nasci, a mesma pia batismal onde fui batizado, o túmulo onde dorme o sono eterno os meus pais; a igreja onde eu frequentei o catecismo, o grupo escolar onde fiz o curso primário, e convivi com tantos amigos que já se foram e outros que felizmente ainda vivem. A minha Vila Vicentina, onde dei a minha contribuição como cristão; as minhas amizades, o carinho dos meus queridos amigos. Tudo que é de você minha Candeias querida, jamais se desgarraram de mim. Essa ausência física não me roubou o perfume das flores, e nem o cheiro da grama de seus jardins, os quais eu vejo hoje serem tão destruídos. Você não merece isso minha Candeias, porque mesmo estando distante há mais de 50 anos, você nunca deixou de ser a minha terra, o meu rincão sem par do qual a professora Neguita Alvarenga, no seu lindo hino, disse ser uma pura fonte de exemplos cristalinos.

Nessa fonte amada chamada Candeias, estamos encontrando hoje, não mais exemplos cristalinos e sim tristes exemplos como pudemos ver expostos no coração de nossa cidade uma cavalgada triste. Um exemplo de destruição e desamor daqueles que não reconhecem que nós, os mais idosos sempre estamos lutando para deixar no âmago de nossa Candeias, um fluxo de amor eterno para as novas gerações.

Aos meus conterrâneos, que contribuíram para esse desleixo, para esse descaso, para essa afronta, procure entender que isso não está certo. Colocar os seus cavalos para destruir aquilo que foi construído com amor, não para os cavalos e sim para você. O seu cavalo merece um bom trato no seu habitar, na sua cocheira, na sua fazenda. Mas faça com que ele poupe as nossas gramas, as nossas flores e as nossas árvores. Lamento o que vocês meus conterrâneos deixaram acontecer. Vocês não deviam terem permitido que os seus cavalos, tão queridos usassem a irracionalidade própria para destruir uma coisa que foi feita pelo racional. ----  Procurem não permitir que isso aconteça de novo. Poupem-nos que amamos tanto a nossa terra do desgosto de novo essa cena tão degradante. Não deixem que isso vire um hábito tão triste. Pois queremos para os seus filhos uma Candeias alegre e ordeira; um ninho adorado e idolatrado e uma fonte de exemplos cristalinos, como disse a nossa querida professora Neguita Alvarenga.

Eu um bairrista candeense, conto com você meu jovem cavaleiro, para que não deixe mais os seus animais tão queridos serem instrumento de destruição. Que a imagem deles, também, seja preservada, pois trata-se de um animal maravilhoso cuja imagem não merece ser denegrida. --------A famosa veterinária, Dra. Claudia Leschonski, disse que : “ O amor do cavalo pelas pessoas tem que ser conquistado, mas o amor de uma pessoa pelos cavalos nasce com ela.” Amar os cavalos não é permitir que destruam algo e sim que lhes impeçam disso.

Deus me prometeu alimentar dentro de mim essa coisa boa que é o carinho pela terra que me viu nascer. ---- Candeias já não é tão minha. Mas eu continuo dela.

Armando Melo de Castro

Candeias mg Casos e acasos.

 

 

 

 

 

 

 


sábado, 14 de agosto de 2021

CANDEIAS, NINHO ADORADO.

É inegável que a nossa cidade é muito bonita e bem posicionada. Ser brasileiro, mineiro e candeense, é para mim um orgulho sem par. A nossa Candeias deveria ser chamada Candeias de Minas, para não ter que ficar se misturando com a Candeias da Bahia de forma diminuída. Certa vez alguém me perguntou se eu era baiano, quando eu disse que era de Candeias, sem citar o Estado. --- Ah! Como essa pergunta aborreceu o coração do bairrista!!!

É uma alegria recordar a professora Neguita Alvarenga, com a dedicação do seu hino:

Ninho adorado, idolatrado!

A ti consagramos nossos corações

Dar-te a vida queremos triunfantes

Como nobres e firmes campeões.

Antes de ser chamada Avenida 17 de Dezembro, a data da emancipação do município, em 1938, a Av. 17 de Dezembro tinha o nome de Avenida Rui Barbosa. Mas ainda no meu tempo era chamada de “Largo” apelido hoje já esquecido. Era até engraçado, se uma pessoa descia do lado direito e uma subia do lado esquerdo, eles se cumprimentavam ou até conversavam aos gritos de tão largo era o espaço. A Avenida 17 de Dezembro é como dizia o meu avô: “do Largo até ao Cruzeiro, é uma pernada.”

Certa vez eu contei o número de praças existentes em Candeias, e somaram 32, hoje pode, este número estar superado. --- Suponho que são raras as cidades que tenham uma avenida central tão cheia de praças, como a 17 de Dezembro e também nos bairros de Candeias.

A meu ver esta avenida deveria ter o nome do Dr. Zoroastro Marques da Silva após a sua morte. Eu acho que as homenagens prestadas ao fundador da nossa cidade são muito poucas pelo que ele representou para o nosso município em todos os sentidos,

Dr. Zoroastro deu a vida para Candeias em prejuízo de sua própria família e sua carreira de médico. Suponho que jamais alguém amou Candeias tal qual o Dr. Zoroastro. Quem como eu que por muitas vezes bateu papo com ele, poderia sentir de perto o carinho, o amor, a fidelidade jamais vista por um político em prol de sua terra.

Certa vez um jovem candeense, inclusive de família bem conhecida, me mostrou na tela de um computador de uma Lan House em Candeias a imagem do Dr. Zoroastro e me perguntou: “ Dizem que esse homem é importante, o que ele foi” --- Foi uma pergunta triste e uma resposta ainda mais triste, porque tratou-se de uma pergunta que eu jamais gostaria de ter ouvido. ---- Dr. Zoroastro Marques da Silva é um nome que jamais poderia ser desconhecido por um jovem candeense. – Portanto eu quero aqui, apelar para os nossos jovens, que não deixe esse nome ficar esquecido.

Armando Melo de Castro.



 

 

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

O HORTO FLORESTAL DE CANDEIAS.


 --- Eu gosto muito de passear no meu passado. De vez em quando tomo a estrada da minha vida, asfaltada pelo tempo, para visitar os lugares onde nasci, vivi, convivi e trabalhei. Não ouso matar a saudade que carrego comigo. Eu a deixo viver. Afinal um coração para bater feliz, é preciso desse ter saudade.---- No meu estojo de saudades eu guardo muitas delas; de familiares e amigos que foram levados por Deus;   dos lugares por onde passei; saudade da minha adolescência insegura, enfim, eu tenho um coração cheio de saudade. --- Mas a saudade que se encontra mais distante de mim e mais próxima ao mesmo tempo é a saudade da minha infância na minha querida Candeias, o meu torrão natal. Ali está a saudade do tempo em que eu não entendia desse sentimento chamado saudade.   

--- Hoje, eu dei uma bispada no retrovisor da minha vida e vi bem distante o horto florestal de Candeias, que ocupava toda a área do matadouro municipal desativado e o estádio do Rio Branco Esporte Clube, o meu querido “Ranca Tôco”.--- Esse horto teria sido criado na gestão do prefeito José Pinto de Resende nos fins da década de 50 diante de um festão de inauguração, quando no local foi oferecido ao povo de Candeias um churrasco com fartura e refrigerante. Eu desconheço as causas que deram o fim a existência desse horto. Pode-se, imaginar que terá sido um desinteresse político, o que é lamentável porque é de se saber que a existência de um horto ajuda a proteger as espécies de plantas principalmente, de animais, pois é considerado um oásis metropolitano além da contribuição com a educação ambiental, o lazer e outros serviços essenciais ao bem-estar do ser humano.

--- O nosso horto florestal era um ponto de lazer ativo. Nos fins de semana, a minha rua era um sobe e desce o dia todo, das pessoas que iam visitar o horto e um ponto sugestivo para os namorados e idosos. Era uma área bastante desenvolvida e contava três divisões, cada uma com função diferente. No centro um grande galpão onde esta o escritório do engenheiro chefe e outras divisões determinadas. O horto era administrado por um engenheiro agrônomo. e um gerente. Eram vistos subindo e descendo todos os dias. O engenheiro não me faço lembrar o nome, mas o gerente chamava-se Victor. Era ele que administrava o serviço dos meninos e rapazes que trabalhavam aprendendo e plantando e fazendo os pequenos potes para semeadura. Meninos eram diaristas por um ganho pequeno.  

--- Sr. Victor, o gerente, morava numa casa da rua Professor Barreto, Era casado tinha filhos, mas era separado da esposa. Morava sozinho. Uma pessoa meia difícil de ser entendida. Se não me engano era natural da cidade de Boa Esperança. Seus filhos o visitava de vez em quando. Ele era uma pessoa um tanto excêntrica. Estatura média, idade por volta dos 50 anos, pele clara,  camisa esporte e chapéu de lebre. --- Um dia estava para muito papo, no outro estava caladão. Ele fumava e não gostava que os trabalhadores do horto fumassem. E os meninos que trabalhavam no horto viviam vigiando-o quando ele jogava o toco de cigarro fora, para aproveita-lo --- 

--- Certa vez um fazendeiro lhe presenteou com um saco de milho verde. E então ele convidou três dos meninos para ir até a sua casa ajuda-lo a ralar o milho para fazer pamonha. Ai Sr. Vitor se mostrou uma pessoa muito diferente (sei não) Durante essa festa da “ralação” de milho, ele entrou para o banheiro, defecou num penico, colocou as fezes dentro de um saco de  plástico, misturou um pouco de milho ralado aumentou o volume com jornal e fez um embrulho de presente. --- Tomou desse  “pombo sem asa” e colocou no meio da rua, correu para dentro de casa e ficou olhando, pela fresta da janela para ver alguém apanhar o embrulho. ---- Deixando os meninos completamente assustados com esse comportamento, vindo de um homem tão sério lá no trabalho. (sei não).

 --- Ser excêntrico não significa ser louco, mas sim ser uma pessoa diferente das demais da sociedade que são normais.

 Armando Melo de Castro.

 

 

domingo, 1 de agosto de 2021

O PRIMEIRO JURI EM CANDEIAS.

Este sobrado guarda muito da história de Candeias. Pena que são fatos que foram perdidos ou esquecidos. Não sei se entre os descendentes dos seus antigos proprietários possa ainda existir algum resquício da tradição oral. Os dois últimos proprietários da antiga fachada desse prédio, de que tenho lembranças, são o dentista Boanerges Pacheco Lopes e o farmacêutico Levi, oriundo da cidade de Cristais. – O Sr. Boanerges, todavia, não teve filhos e o Sr. Levy já veio a partir da década de 60.

É uma pena, esta falta de registro sobre esse prédio, tão antigo. O pouco que sei de até então foi ouvido a meia boca, é de que foi construído no tempo da escravidão, e que teria acontecido ali um crime, e que durante anos o prédio foi assombrado. Contudo, o tempo incumbiu-se de cessar com esse rumorejo abstrato. O sobrado era um ponto de referência para a Rua José Hilário da Silva, tendo em vista que até há pouco tempo, se ouvia dizer: “A RUA DO SOBRADO”

Tenho, comigo lembranças da sua existência a partir do momento em que comecei a me entender como gente. Era, já então, um velho sobrado carente de uma reforma e que essa reforma foi feita em meados da década de 50. Seu telhado era ainda daquelas telhas antigas. Foi trocado por telhas francesas e a fachada foi remodelada através de um novo reboco e pintura. Essa reforma foi feita pelo mestre de obras da cidade de Itapecerica, Sr. Luiz do Miroque, construtor de diversas casas em Candeias.  ---

Por ocasião da vinda da comarca de Candeias na década de 50, foi nesse prédio, na área residencial, instalada a primeira sede do fórum de Candeias. Nesse tempo os cartórios eram instalados junto ao Fórum, e era assim composta a equipe geral. ---- Primeiro Juiz de Direito: Dr. Eurico Andrade Pereira, oriundo da cidade de Perdões, MG. O promotor de Justiça era o Dr. Fernando de Sousa Lima, vindo de Belo Horizonte. Escrivão do Crime: Sr. Luizinho Teixeira, oficiais de Justiça: Arlindo Silva e José Candido de Castro (meu pai) ---- Contadora era Ofélia Barros e os avaliadores Gabriel Carlos e João Resende de Almeida. --- Os oficiais dos cartórios eram: De Notas: 1º e 2º Sra. Laura Barreto, (Dona Barretinha) e o Sr. Willian Viglioni. --- Registro de Imóveis: Sra. Dalva Marques Azevedo. Os demais cartórios eram unificados na Residência do oficial Álvaro Teixeira de Oliveira, (Vico Teixeira)

Candeias nesse tempo não tinha nenhum advogado, e com o advento da comarca, veio de Belo Horizonte um velho advogado, que teria sido médico e resolveu mudar de profissão. --- Atuou no primeiro júri da comarca, em Candeia, nesse sobrado, quando a ré era a Sra. Célica, que teria feito vítima de um tiro, o Sr. Humberto Pulhês.  

O Dr. Álvaro durou pouco tempo. Ele adorava a nossa cidade, mas foi acometido por um câncer, naquele tempo em que o câncer ainda era raro e chamado de “doença ruim” --- Ele faleceu em Candeias e foi sepultado no cemitério São Francisco, em cova rasa, no local onde hoje está o tumulo do Dr. Zoroastro Marques da Silva. --- Os advogados que trabalhavam em Candeias, eram praticamente todos de Campo Belo.  --- Posteriormente a nossa Comarca, já na gestão do Dr. Júlio Maria Mesquita, teve as suas funções encerradas e transferidas para Campo Belo. posteriormente,  veio como uma segunda comarca.

Aqui estão as casas de comercio que foram instaladas na área comercial do prédio que estão nas minhas lembranças:  ---- A primeira de que me faço lembrar foi o bar do Sr. Inácio Pacheco Lopes. --- Depois dele veio a casa de ferragem do Sr. Miroque. ----- Mais adiante um bar do Candinho do Vico Teixeira. Esse durou muito pouco. ----  Daí uma farmácia de um farmacêutico que teria vindo da cidade de Alfenas. Essa farmácia trocou de dono uma três vezes. --- Depois da farmácia, foi o Bar do Wanderley de Carvalho,(Lelei) irmão do Carmélio Carvalho.  ---- O bar do Lelei esteve estabelecido aí por muitos anos. Foi passado para o Sr. Salvador Moreira e depois para o Sr. Ulisses Pinto,(Licinho) pai da Silvana Freire. --- Dai passou a pertencer ao Sr. Levi com a sua farmácia e depois o seu comercio e residência. Todos esses citados são falecidos. Hoje o prédio totalmente remodelado, pertence ao Contador, Sr. José Antônio onde está estabelecido os seus escritórios.

Eu gostaria de solicitar aos amigos ou parentes e ou descendentes  de proprietários antigos desse prédio que pudessem fornecer alguma informação que possa acrescentar ou alterar o nosso texto. Eu suponho que se trata da construção mais antiga de Candeias e merece um lugar de destaque na história de Candeias.

Armando Melo de Castro.