Minha querida e amada Tia Nice, Eu
queria ter o dom da eloquência para poder expressar, com clareza, tudo que eu,
minha mãe, meus irmãos, minha mulher e meus filhos, sentimos pela senhora. Mas
já que eu não tenho o dom da palavra, eu poderia fazer decorar um texto de
palavras bonitas, gramaticalmente bem escrito, cheio de elogios, tirados das
páginas de um livro para homenagear os seus oitenta anos. Mas preferi escrever
um pequeno texto com as minhas próprias palavras.
Neste momento não me bastam
palavras de alegria para homenageá-la. Eu preciso, também, de palavras que
retratam a realidade sobre a sua humildade. Usar das suas lágrimas, dos seus
desencontros com a sorte. Da insegurança que tomou conta da senhora desde o
dia em que saiu de sua casa rica, para juntar-se a nós humildes proletários da
beira do córrego do Mingote.
Remexendo as gavetas da minha memória Tia Nice,
eu me encontro num dia do ano de 1952, talvez, no dia 17 de abril, quando na
porta de nossa humilde residência, na Rua Coronel, aliás, a rua do seu avô, o
Coronel João Afonso; a senhora chegou com o seu noivo, meu Tio Wantuil, e me
disse: Já me casei no Civil, agora sou sua tia, você já pode me tomar à bênção
Armando.
E naquele momento, eu um menino tímido, acanhado, produzido num meio
inferior, diante daquela mulher linda, toda bem vestida, toda maquiada, toda
rica, eu lhe pedi a bênção; quando ela passando a mão aveludada na minha
cabeça me abençoou pela primeira vez. Eu nunca mais esqueci aquele gesto
carinhoso. E até hoje quando lhe peço a bênção sinto fluir sobre mim algo
vindo, realmente, da Divindade.
Lembro-me que através daquele gesto tão
carinhoso eu pude ver as suas unhas bem cuidadas e pintadas de cor-de-rosa A
sua vida, Tia Nice, era toda cor-de-rosa. Rosas sem espinhos.
Pascal*dizia que
o coração tem razões que a própria razão desconhece. O seu coração, Tia Nice,
é o coração referido por Pascal. A senhora fez do visível o essencial para
atender o seu coração. Coração como o seu não se encontra com facilidade: Boa
amiga, boa filha, boa mãe, boa nora, boa cunhada, boa sogra, (que me desculpe
os genros por falar por eles) boa tia e esposa exemplar. Eu ficaria aqui o dia
todo falando dos seus méritos minha querida Tia Nice, mas sei que a senhora
entende o quanto eu e todos os meus lhes são gratos por ter dividido o seu
coração com todos nós.
O quanto nós lhe admiramos, o quanto lhe amamos. Os
meus irmãos ausentes desta festa lhe enviam os mais fervorosos votos de muita
felicidade após os seus oitenta anos de vida. Meu pai, meu avô e minha avó
adotiva, com certeza estão em espírito aqui nesta justa homenagem que a sua
família lhe faz. Pois eles também a querem agradecer tudo que você representou
para eles.
Um beijo de todos nós no seu coração Tia Nice. Parabéns, pelos seus
oitenta anos; parabéns, por ser tão amada por todos os seus amigos e
familiares aqui presentes; por ser tão amada pelos filhos maravilhosos que
Deus lhe deu. E que foram criados e educados graças aos seus dotes de mãe
exemplar.
Permita-me, pois, nesta data, pedir a Deus Pai, uma bênção para
você: "Que Deus lhe abençoe Tia Nice, hoje e sempre".
Um beijo do seu
sobrinho, Armando.
Um comentário:
Belíssima homenagem!
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