Hoje, eu estive ouvindo uma música linda, a musica se chama “A Lista” do cantor Oswaldo Montenegro. A canção me deu a impressão de que o cantor estava conversando comigo e alimentando em mim os sonhos humanos.
Começou me recomendando fazer
uma lista dos meus grandes amigos, dos que eu mais via há dez anos atrás,
daqueles que eu via todo dia e outros que eu não encontro mais. E vem depois
sugerindo listar os sonhos e amores perdidos, aquele jurado e o que foi
preservado. Ainda recomendava listar os mistérios da vida que não consegui
entender; segredos guardados; mentiras que eu tive que contar. Enfim, achei a música
linda e bastante filosófica.
A música realmente mexeu
comigo e eu entrei numa reflexão sobre o que é a amizade. Agora, como
aposentado, no aconchego do aposento, vivendo uma ociosidade com dignidade após
ter trabalhado por mais de 40 anos, posso manter os amigos que me restam. Eu
não diria que seria um favor da internet, esta pode até facilitar o contato,
mas a consideração e a amizade estão muito bem guardadas dentro de mim. Imagino
eu que um verdadeiro amigo é um prêmio de Deus, portanto não pode ser
esquecido.
Aí então, eu passei a refletir
sobre os meus amigos. Em grande parte de minha vida estive exercendo um
trabalho que me transferia para cidades distantes o que me levava a conhecer
pessoas e locais diferentes. E assim fiz muitos amigos. Mas na sua grande parte
eram amigos temporários, entre festas e sorrisos. Foram poucos cuja amizade não
se apartaram de mim.
Não é fácil encontrar um
grande amigo. As vezes vamos reconhece-los quando nos separamos dele. Isso
porque um grande amigo é aquele que entra para o nosso cérebro e desce para
morar em nosso coração. Esses não são desfeitos nem pelo tempo e nem pela
distância. E nem são lembrados apenas através da internet. Eles são lembrados
através das nossas orações e do respeito que temos guardado dentro de nós.
Dos que eu via há 10 anos
atrás muitos morreram e poucos me sobraram. – E eu não os vejo mais todo dia
com os olhos, mas os vejo com o coração. Isso porque um grande amigo está
sempre bem guardado dentro de nós. Ele nunca morre porque é imortal em nossas
boas lembranças.
Eu tenho sim uma lista desses
grandes amigos. É uma pequena lista, felizmente alguns ainda vivos e outros já
levados por Deus. Mas para mim eles não morreram, e jamais morrerão. Eles
apenas se encantaram para vir morar no canto mais feliz do meu coração. Isso
porque quando alguém mora em nosso coração, podemos escutar a sua voz, o seu
sorriso, a sua tristeza e o seu apoio e até os seus conselhos.
Uma boa amizade hoje em dia
está sendo difícil de ser encontrada até mesmo dentro de familiares. Uma boa
amizade pode ser revelada até mesmo diante de um pequeno gesto de amor, de
carinho, de afinidade e respeito. Uma boa amizade não é perdida por causas antagônicas,
como futebol, religião e política.
A maior prova de amizade está
num gesto tão simples que a gente nunca se esquece. É ver um amigo chorar com
você tentando enxugar as suas lágrimas com as lágrimas dele, provocadas pelo
seu sofrimento.
Neste texto eu quero lembrar
aqui um dos meus grandes amigos. O meu grande amigo Wander Bonaccorsi. O
Vandinho do Américo. Grande candeense, homem inteligente e trabalhador. Bom
filho, bom marido, bom pai e grande amigo dos amigos.
Eu descia a Avenida 17 de
dezembro, em Candeias, e quando passava próximo da Igreja do Senhor Bom Jesus,
encontro-me com o Vandinho. ---- Os nossos encontros sempre foram uma alegria.
Desde o meu tempo de Candeias fomos amigos, ele foi um dos diretores do Clube
Recreativo Condense, e eu trabalhei lá, mantemos uma grande amizade desde esse
tempo. Vandinho foi também, Vice Prefeito de Candeias, grande atleta da AEC,
foi sempre um empresário bem sucedido, como produtor de cal, transportes,
fazendeiro e outros negócios, sempre muito bem sucedido dada a sua capacidade e
inteligência.
Vendo-me Vandinho me abraçou
com um semblante triste e me disse: Fiquei sabendo Armando que você perdeu a
sua filha que contava 30 anos de vida. --- As minhas lágrimas naquele momento
foram inevitáveis. Eu olhei para o Vandinho, aquele Vandinho que eu estava
acostumado a vê-lo sorrir e o vi chorando comigo. Colocou-me dentro do seu
carro e me levou até a minha casa. No outro dia levou-me de presente um livro
de auto ajuda. Teria muito o que falar do meu amigo Vandinho. Mas esse dia...
Esse gesto apesar da tristeza merece ser lembrado de forma distinta.
Wandinho faleceu no ano de 2017 aos 83 anos, deixando um grande vazio para a nossa cidade e uma eterna saudade para os seus familiares e amigos.
Onde você estiver meu caro
amigo, receba o meu abraço, o meu grande abraço.
Armando Melo de Castro.
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