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sábado, 28 de maio de 2022

A POMBA-TROCAL E O FRANGO.

                           Pomba-Trocal

Todas as quintas feiras, no Parque Halfeld, próximo daqui de casa em Juiz de Fora, tem uma feirinha onde eu gosto de me fazer presente logo de manhã a fim de encontrar coisas da roça fresquinhas e ausentes de agrotóxicos; ovos caipiras, de galinhas soltas. Produtos que a gente pode comer e lamber, cuja lambança nos inspira dizer: “Tô satisfeito!”.

Eu voltava com uma sacola cheia de variadas delícias e pensando na satisfação que eu iria dar para o meu estômago.

Vou comer um franguinho lídimo caipira, cuidadosamente preparado pela minha Carmelita, daqueles que eu sei, que foi criado comendo rato, escorpião e todas aquelas porcarias do terreiro lá do sítio, inclusive aquilo que nas roças pode ser encontrado atrás das moitas depois de ter sido frango. Carmelita e a Bruna não comem frango caipira. A então eu "lavo a égua". ---- O franguinho se fará acompanhado de um quiabinho que com esse frio tá custando dez contos o quilo, e um “anguzinho” de fubá de moinho de pedra... Sei lá se é, mas vou pensar que é... --- Enquanto eu espero o sangue e o fígado, vou deliciar uma caipirinha de lima-da-pérsia. Agora é tempo dessa fruta e eu gosto muito da caipirinha feito com ela... E assim, para o manjar dos deuses, estaria faltando apenas a sobremesa ambrosia.

 E envolvido com essa imaginação de como seria a festa dos meus intestinos, sigo debaixo daquele arvoredo do Parque Halfeld, quando de repente, eu vi cair alguma coisa à minha frente numa distância mais ou menos de dois passos. Parei, olhei para chão e pude ver o que seria. Olhei para cima e vi toda tranquila pousada num galho, uma pomba-trocal, ainda bendita, isso porque por pouco seria maldita. --- Dois passos a mais eu teria levado no topo da minha cabeça branca, aquela coisa que entra numa boa dentro da gente e depois sai sem marcar a hora. As vezes sai rasgando, outra hora sai chorando... Outras vezes fica empacado. Coisa que se transforma e  que nos faz sentir asco, fastio e nojo depois de ter sido tão bem tratada. Poderia pelo menos manter o cheiro. Mas não! --- Continuei caminhando, agora meditando:

“O meu franguinho, tão desejado hoje, tão saboroso, tão gostoso... Amanhã tão fastidioso, tão asqueroso e tão nojento... Fazer o quê? Assim é a vida! Mas eu não vou deixar de comer...

Armando Melo de Castro. 

Candeias MG Casos e Acasos

 

 

 


2 comentários:

Jad Vilela disse...

Muito bom! Texto gostoso, leve, bem mineiro. Apresentado a mim pelo candeense Wander Sena.

Wander Sena disse...

Mais uma Saborosa publicação. Armando traz sua resposta à questão Filosófica ainda sem consenso: De onde viemos e para onde vamos?
Vai além, e responde por onde entramos, passamos e saimos.😅