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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

AS FILHAS DO CHEFE DA ESTAÇÃO!

ANTIGA ESTAÇÃO DE BUGIOS , HOJE DESATIVADA.

A Estrada de Ferro em Candeias representa um grande capítulo da nossa história. Pena que as autoridades constituídas de Candeias, nos últimos anos, vêm sendo totalmente despreocupadas com a história da vida do município.  Seja por incompetência, seja por falta de cultura histórica; seja por falta de amor a terra em que representam ou por completo desleixo. Haja vista a história de Candeias relatada no site da prefeitura Municipal se apresenta cheia de desencontros de todas as ordens, dando a entender que o redator daquele instrumento não teve o menor cuidado nem com o nome das pessoas.

Mas como eu dizia a chegada da Estrada de Ferro à Candeias foi um marco histórico que merecia ser do conhecimento senão de todos, mas pelo menos de uma parte dos candeenses.

Recentemente eu lamentei profundamente quando um jovem de família destacada em Candeias, diante de um computador onde aparecia a imagem de um homem alto e robusto perguntou-me aquele jovem: Quem é mesmo este homem? Dizem que foi importante?  ------ Pois é! Sendo ele nascido e criado em Candeias não sabia que se tratava do Dr. Zoroastro Marques da Silva, o fundador de Candeias, ---- fato lamentável.

Mas voltando à ferrovia, os políticos do distrito de Candeias Coronéis Marques, João Afonso e Américo Paiva, foram aqueles que muito influenciaram para que a linha férrea passasse por dentro de Candeias.

Tendo em vista as dificuldades da época, as obras eram lentas e feitas por etapas. A ferrovia chegou a Candeias no ano de 1898 e foi inaugurada no dia 10 de fevereiro, quando ainda não havia sido construída a Estação de passageiros. A solenidade da inauguração foi feita na residência do Sr. Américo Paiva, com a presença do povo em geral e muitos visitantes, personalidades e autoridades.

A próxima etapa seria Bugios, contudo, isso só viria acontecer em 1903, ou seja, cinco anos depois, tendo em vista a construção de um pontilhão de vigas de ferro no Km. 388, considerada uma obra vultuosa o que atrasou sobremaneira a inauguração da Estação de Bugios.

Nas estações de passageiros situadas na zona rural, era construída, em anexo, a residência para o chefe da estação. E sempre nas proximidades da ultima estação inaugurada, eram estabelecidos os acampamentos dos empregados da empreiteira das obras da ferrovia.

Inaugurada a Estação de Bugios, logo veio ali residir o chefe da estação, acompanhado de sua família composta pela sua esposa e duas filhas adolescentes.

À tarde a peonada se aglomerava na plataforma da Estação, conversando e contando piadas que refletiam a liberdade de expressão chula, num ambiente inteiramente de homens sem mulheres. Se já não bastassem as piadas pornográficas, havia também de dirigir gracejos para as adolescentes; o que fez com que o chefe da Estação procurasse o mestre de obras, chefe dos peões trabalhadores, um português muito enérgico, e pedisse-lhe uma providência no sentido de impor respeito à sua família que estava ali a mercê de um comportamento despropositado.

O português mestre da obra, que era um elemento bastante expressivo, se prontificou a tomar uma providência urgente assim que teve conhecimento do caso, e se apressou em atender o chefe da estação, já marcando uma reunião, ali mesmo, na plataforma da estação, com os trabalhadores. A reunião seria por volta das cinco horas da tarde quando já teriam parado o serviço. E para que as coisas ficassem bem claras, fez questão da presença da esposa e das filhas do Chefe da Estação. Chegada a hora, o chefão se dirige à turma e começa:

Olha aqui seus curalhos tarados, estou sabendo que estão a pronunciarem palavrões perto da senhora dona do chefe da Estação e das rapariguinhas suas filhas. Sei também que estão de olhos atolados nos traseiro delas ---- Palavrões como ku, bruxetta, curalho estão sendo esporrados à vontade e sem respeito. ------ Então prestem bem atenção no que tenho a lhes dizer seus tarados: A partir de amanhã aquele que continuar fazendo essa suruba de palavrões da putaria, eu vou comer-lhe o ku sem dó e sem piedade.  Troquem os seus rabos ai pelo meio do mato, desafoguem as suas carências com algum pederasta, mas deixem essas senhoras em paz. Ouviram seus filhos da puta!

Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos.

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