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terça-feira, 11 de setembro de 2012

NESTOR LAMOUNIER

                                                           
                                                                Prefeito Nestor Lamounier.

O nome de um homem público é o rastro que um povo deixa registrado no tempo. Uma cidade sem homens representativos não será, com certeza, uma árvore cujo fruto é a civilização. Os políticos de hoje não estão mais preocupados com isso. Querem o poder e com o poder o enriquecimento ilícito. O político, nos dias atuais, é vigiado pela imprensa como um carcereiro que vigia um preso.

Quando vejo esta movimentação para as próximas eleições municipais, acorda, em minha mente, a lembrança de ilustres candeenses que exerceram o poder sem quaisquer interesses próprios. Os vereadores, por exemplo, em outros tempos, não eram remunerados e o salário de prefeito e as verbas de representatividade, eram mínimas em comparação as de hoje.

 Os prefeitos usavam os seus próprios veículos. Os visitantes políticos, como os deputados, por exemplo, hospedavam-se na residência do próprio prefeito e apareciam para o povo. Hoje em dia, os prefeitos e vereadores são cabos eleitorais dos deputados. Não se ouvia um prefeito falar em crise, aliás, a crise era uma constante e o prefeito tinha que ter competência para administrar os poucos recursos que existiam.

Prefeitos assumiam o cargo com o objetivo de deixarem o seu nome na história e a marca de uma obra estrutural, além do nome sem mácula, sem nódoa. --- Não existiam as facilidades de hoje e nem as desculpas sobre as crises. Hoje a politica virou um rio de dinheiro do qual grande parte é consumido com um ocioso custo operacional.

Nos dias atuais, principalmente após a constituição de 1988 a política partidária veio a ser sinônimo de interesse próprio, de toma lá dá cá, de esperteza, logro, maquiavelismo, sagacidade, conchavos, assistencialismo, loteamento de cargos públicos, corrupção extrema, clientelismo.

E no calor deste teorema no qual me envolvo, profundamente, eu quero registrar aqui o nome de um ilustre político candeense que nem com a sua morte conseguiu livrar-se da minha amizade e de toda a minha admiração e respeito.

Nestor Lamounier!

O cuidado com que Nestor dedicava a sua terra, no exercício da política, deve ser decifrado pelos mais velhos para que possa ser cedido aos jovens que buscam um lugar no âmago deste exercício. A popularidade lhe cercou o nome não apenas por ser uma figura robusta e vigorosa, mas sim, por saber respeitar as diferenças de cada conterrâneo.

Lembro-me do que representou Nestor para a educação em Candeias. Como inspetor escolar, sempre se fazia presente com as suas visitas às crianças. Como prefeito abriu mão do seu minguado salário em benefício do Ginásio de Candeias que esteve com as suas portas a serem fechadas por falta de recursos. Nestor se fazia presente. Era assíduo na recreação dos jovens e, em meio aos adultos era indispensável.

Um homem que amava sua terra com todas as forças do seu coração. Sua morte deixou um vazio tão grande que jamais será preenchido. Por mais que apareça gente honesta e dedicada o seu nome jamais será superado. Foi um prefeito zeloso e respeitado no âmbito político do Estado.

Nestor Lamounier, portador de um esmerado espírito e um caráter eminente, era um dos mais caros amigos que encontrei no caminho da minha vida. ---- Filho do Coronel João Afonso Lamounier cujo nome na história candeense registra uma tradição de lealdade. Observa-se, assim, que os descendentes de João Afonso sempre foram fieis e leais com as suas origens candeenses.

Como prefeito de Candeias, Nestor tinha o município acompanhado pelos seus olhos, e mesmo diante da falta de recursos, tinha sempre uma solução para um problema.

A água de Candeias era um caso sério. Mal tratada, mal cuidada e escassa. Em época de chuva o que recebíamos em nossas casas eram águas de enxurrada. A falta d’água era uma constante. E não existiam essas águas de galão como hoje, que pode resolver um problema de emergência. Nas casas onde havia as chamadas cisternas, faziam-se filas. ---- A verminose era um problema sério que existia em Candeias. Nestor resolveu esse problema. Essa foi a grande marca da sua administração.

Toda vez que visito o Cemitério São Francisco, eu não posso deixar de passar pelo túmulo do meu amigo. Nesse momento, eu cerro os olhos e o vejo de pé, a minha frente, dando o seu sorriso de amigo.

Onde quer que esteja meu querido, Nestor, que Deus o tenha aí como o teve aqui.

NB) Com o objetivo de discernir dúvidas, informo que Nestor Lamounier não fez parte da oligarquia Lamounier do atual prefeito, cuja história de Candeias registra outros mandatos. Nestor, pelo contrário, era opositor desta oligarquia. São famílias totalmente diferentes de filosofia politica diferentes.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos                

Um comentário:

Celle disse...

Armando, foi muito feliz no seu comentário sobre esta vergonha existente hoje em dia e que dizemos se chamar política. Deveria ser a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou estados.Uma atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.
E não esta corrida pelo poder usando de todas espécies de falcatruas, de malandragem e maledicencias,e atos indevidos, ou antes ou depois de eleitos.
Um abraço
celle