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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

A PERDA DE UM FILHO.


Regina Alves de Castro

A mulher aos 30 anos entra na sua robusteza, vigorosa, convicta e preparada para o amor. A mulher nessa idade se transforma na balzaquiana, aludida pelo romance: “A Mulher dos Trinta Anos” do escritor francês, Honoré de Balzac, quando uma mulher muito infeliz encontra o verdadeiro amor e a felicidade nessa idade.

Minha filha Regina --- Trinta dias antes de completar trinta anos, naturalmente para se tornar numa balzaquiana feliz, envolvida por uma doença maldita, resolveu partir desta vida levada por suas próprias mãos.

Imagino ser muito difícil para os pais que nunca passaram por um fato dessa natureza, poder avaliar o sofrimento de um pai e de uma mãe, diante de uma situação dessas. No meu caso eu tive que chorar por mim e pela mãe dela que já havia partido antes.

O sentimento de perda nunca está presente nos corações dos pais. Mesmo estando o filho doente, a esperança dos pais nunca termina. Mas diante da perda dessa natureza, a impotência dos pais é natural diante de uma dor sem nome, cujas lágrimas não deixam que ela seque. Mas com certeza rouba-lhes o ânimo e a vida quase perde o sentido.

Não há como medir o tamanho da dor quando se perde um filho. É uma dor incomparável, maldosa, desastrosa como se fosse a subtração violenta das forças que impede um pai e uma mãe de proteger um filho indefeso aos seus olhos. Uma violência que rouba o filho fisicamente, e faz aumentar o amor que explode como uma bomba dentro dos pais.

Não existe consolo para um pai que perdeu um filho. Não é fácil aceitar a inversão da ordem natural da vida. Podemos nos preparar para enterrar os pais, jamais saberemos fazer o mesmo para enterrar os filhos.

A única solidariedade que pode ser encontrada pelos pais que perde um filho é na lágrima. Lagrimas fervendo e queimando o rosto atormentado diante da morte. Não tente confortar uma mãe e um pai que perderam um filho com palavras soltas. Serão palavras jogadas fora. Proponha-lhes, apenas, dar tempo ao tempo. Só o tempo determinado por Deus poderá ajudar na dor desta ferida que jamais será cicatrizada, mas que o tempo poderá transforma-la em saudade, que dói muito também, contudo, mais leve e suportável.

Minha filha: Você nunca se distanciou de mim, porque você está muito viva aqui dentro do meu coração e presente no meu cérebro. Consigo ouvir nitidamente a sua voz nesta saudade imortal que felizmente o tempo não destrói. O tempo ajudou-me a esconder as lágrimas, mas não evita-las. Infelizmente a morte não permite risos e é por isso que tenho os olhos embaciados pelas lágrimas. Um beijo...
Que Deus a abençoe.
S/pai.

Armando Melo de Castro.
Candeias MG Casos e Acasos
     



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