Regina Alves de Castro
A mulher aos 30 anos entra na sua robusteza, vigorosa, convicta e preparada para o amor. A mulher nessa idade se transforma na balzaquiana, aludida pelo romance: “A Mulher dos Trinta Anos” do escritor francês, Honoré de Balzac, quando uma mulher muito infeliz encontra o verdadeiro amor e a felicidade nessa idade.
Minha
filha Regina --- Trinta dias antes de completar trinta anos, naturalmente para
se tornar numa balzaquiana feliz, envolvida por uma doença maldita, resolveu
partir desta vida levada por suas próprias mãos.
Imagino
ser muito difícil para os pais que nunca passaram por um fato dessa natureza,
poder avaliar o sofrimento de um pai e de uma mãe, diante de uma situação
dessas. No meu caso eu tive que chorar por mim e pela mãe dela que já havia
partido antes.
O
sentimento de perda nunca está presente nos corações dos pais. Mesmo estando o
filho doente, a esperança dos pais nunca termina. Mas diante da perda dessa
natureza, a impotência dos pais é natural diante de uma dor sem nome, cujas
lágrimas não deixam que ela seque. Mas com certeza rouba-lhes o ânimo e a vida
quase perde o sentido.
Não há
como medir o tamanho da dor quando se perde um filho. É uma dor incomparável,
maldosa, desastrosa como se fosse a subtração violenta das forças que impede um
pai e uma mãe de proteger um filho indefeso aos seus olhos. Uma violência que
rouba o filho fisicamente, e faz aumentar o amor que explode como uma bomba
dentro dos pais.
Não
existe consolo para um pai que perdeu um filho. Não é fácil aceitar a inversão
da ordem natural da vida. Podemos nos preparar para enterrar os pais, jamais
saberemos fazer o mesmo para enterrar os filhos.
A única solidariedade que pode ser encontrada
pelos pais que perde um filho é na lágrima. Lagrimas fervendo e queimando o
rosto atormentado diante da morte. Não tente confortar uma mãe e um pai que
perderam um filho com palavras soltas. Serão palavras jogadas fora.
Proponha-lhes, apenas, dar tempo ao tempo. Só o tempo determinado por Deus
poderá ajudar na dor desta ferida que jamais será cicatrizada, mas que o tempo
poderá transforma-la em saudade, que dói muito também, contudo, mais leve e
suportável.
Minha
filha: Você nunca se distanciou de mim, porque você está muito viva aqui dentro
do meu coração e presente no meu cérebro. Consigo ouvir nitidamente a sua voz
nesta saudade imortal que felizmente o tempo não destrói. O tempo ajudou-me a
esconder as lágrimas, mas não evita-las. Infelizmente a morte não permite risos
e é por isso que tenho os olhos embaciados pelas lágrimas. Um beijo...
Que
Deus a abençoe.
S/pai.
Armando Melo de Castro.
Candeias MG Casos e Acasos
Nenhum comentário:
Postar um comentário