Hoje, nós vamos recordar os açougues e seus proprietários candeenses. Sabemos que o açougue é o tipo de comercio que faz parte de todas as famílias porque ninguém fica sem provar um pedacinho de carne. Seja de boi ou de vaca, seja de porca ou de porco.
O sarapatel e o mocotó eram pratos muito apreciados pelos candeenses. Nas festas do Rosário, eram comuns esses pratos oferecidos pelos festeiros. As fressuras de porco eram de baixo custo e, às vezes, doadas e isso dava um prato farto. Saborear um sarapatel nos dias de hoje ficou muito difícil porque não se encontra mais as fressuras em açougues ou supermercados.
Muita gente não sabe diferenciar, mas existe diferença da carne bovina e
suína entre o macho e a fêmea. A carne de vaca, por exemplo, não é encontrada
em supermercados, porque eles negociam com os produtores apenas o
boi. ----- Nos açougues nós encontramos com mais facilidade a carne
de vaca, sendo que ela tem a gordura amarelada que encontramos entremeada na
carne. Isso é devido à lactose em seu organismo pela produção do leite. ---- A
carne de vaca é mais dura em comparação à carne de boi tendo em vista o seu
tempo de vida em virtude da produção de leite. O boi já é criado para o consumo
o que se dá após a passagem de carne verde para carne vermelha.
Lembro-me quando menino eu trabalhei num açougue em Candeias. A minha
tarefa era sair com um tabuleiro entregando as encomendas. E tinha freguesa,
como a Dona Julita Lamounier, irmã do Sr. Nestor Lamounier que a sua primeira
pergunta era se a carne era de porco ou de porca. Se fosse de porca e a gente
falasse que era de porco, na próxima encomenda teríamos que ouvir um belo de um
sermão.
Outra freguesa que não comia carne de porca era Dona Ester de Paiva.
Dizia ela que a carne de porca fedia, tinha cheiro de urina porque eram mal
castradas. --- Mas já existiam aqueles fregueses que beberiam até a
urina da porca ou do porco sem reclamar. Meu tio João Delminda era um desses.
Na década de 50 e 60 existiam diversos açougues em Candeias: Na Rua
Professor Portugal havia dois, os proprietários eram dois irmãos: Um do Geraldo
do Orcilino, e o outro do Antônio do Orcilino. --- Este o único que vem
resistindo ao tempo, hoje como Açougue São Judas Tadeu, de propriedade do Jesus
do Açougue, filho do seu antigo proprietário. Naquele tempo servia carne
bovina e suína e hoje se limita em apenas carne suína.
Outros açougues eram do Zé Chorão, na Rua Expedicionário Jorge,
posteriormente levado pelo Sr. Expedito Cordeiro que funcionou ali durante
muitos anos. --- Também servia carne bovina e suína.
Logo adiante o açougue do Estevão, que só abatia suínos. --- O
interessante é que Estevão era um açougueiro que trabalhava de gravata e com as
mangas da camisa branca arregaçadas. --- Dava vontade de comer a carne do
açougue dele até mesmo crua, de tão limpo que era. Este açougue ficava junto da
sua residência, onde hoje está situada uma clinica. Ao lado o Armazém, também
de sua propriedade, posteriormente repassado para o Sr. Sebastião Redondo e
ultimamente para o Divino Machado que ali também funcionou por muitos
anos.
No Beco Belmiro Costa, onde hoje está a Sorveteria do Magno Machado,
existia um açougue que foi movimentado por muitos proprietários. Entre eles o
Chico do Sudário e o Juquita de Assis e seu filho Nilo.
Ao lado da Loja do Carlinhos do Emílio, havia outro açougue do Sr.
Emílio Gianasi, ali também só abatia suínos. E como o preço era o melhor, fazia
fila o dia que matava um porco, normalmente aos sábados.
Na Praça da Bandeira, onde hoje está a Papelaria Candeias, era o açougue
do Zé Canarinho, pai do Zé Canarinho filho.
Mais recentemente surgiram outros açougues, entre eles o Ermino na Praça
Antônio Furtado, e Domingão na Praça da Bandeira.
O Matadouro ficava na Rua Expedicionário Moncef. ---- Meu
pai, Zé Delminda, quando jovem foi admitido como empregado no matadouro. Mas
não deu conta do recado na profissão de magarefe. --- Ele seria o responsável
por matar os porcos e o outro seu colega seria o carrasco das vacas. ---- Meu
pai no primeiro porco que foi abater deu cinco facadas e esse animal saiu
correndo pelo quintal do matadouro até ao córrego que ficava nos fundos. -----
Foi uma mão de obra terrível para leva-lo de volta até ao ponto de abate. ----
No mesmo dia ele saiu à procura de alguém que quisesse ficar em seu lugar e encontrou
o Lico da Sinhana, que lá ficou por mais de quarenta anos pelo resto de sua
vida.
Uma saudade eu tenho desse tempo. Era do sarapatel e do caldo de mocotó,
pratos comuns naquele tempo e que hoje estão se tornando desconhecidos em Candeias,
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos
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