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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

FRANCISCO QUINTINO DA SILVA




  Um povo que não se preocupa com a sua própria história é um povo omisso. Se a história de uma vida já é uma coisa maravilhosa, imaginemos a história de um povo. ----A nossa cidade de Candeias tem a sua história construída pelos seus filhos nativos e adotivos... História que nunca será concluída e que estará sempre em busca de gente de bem para construí-la para os nossos filhos. Portanto, será sempre uma responsabilidade a escolha de pessoas certas para que não manchem uma história que sempre foi feita com muito amor e respeito, a história de Candeias! ---- Hoje, vamos focar um filho de Candeias por adoção... Por uma feliz adoção, um homem que participou da construção de nossa história com muita dignidade, apesar de ter vindo de outras plagas e se juntado a nós:  

O ENFERMEIRO FRANCISCO QUINTINO DA SILVA.

 Sua chegada a Candeias:

 O Brasil tem uma página triste na sua história: Ocupa o primeiro lugar latino-americano e o segundo lugar no mundo, no contingente de pessoas afetadas pela hanseníase, conhecida popularmente como Lepra. É um mito quando dizem que esta doença foi erradicada no Brasil. Ainda se registra 30 mil casos por ano, de pessoas afetadas. Sendo que nos últimos dez anos foram registrados 310.000 casos.

 Em 1941 o Governo Federal criou o SERVIÇO NACIONAL DA LEPRA, e Candeias, nesta época, apresentava um quadro assustador, com pessoas portadoras da doença. E para tanto foi criado em nosso município uma grande força tarefa de combate à lepra. --- Nesta oportunidade foram enviados para Candeias quatro médicos e dois enfermeiros. Eram os médicos: Dr. Pery, Dr. Américo, Dr. Célio e Dr. Wandik. E os enfermeiros: Domingos e Quintino.

 Os médicos, exceto o Dr. Célio, todos se casaram em candeias. Contudo, os enfermeiros já vieram com suas esposas. --- Essas pessoas foram muito bem vindas para Candeias, porque a situação era temerosa e a doença tendia a se alastrar mais ainda, caso não houvesse uma providência enérgica.

 A manifestação da lepra é demorada. A pessoa contaminada, às vezes, demora anos para apresentar os sintomas. Portanto, esse trabalho durou por muitos anos. Foram visitadas todas as residências, na zona rural e urbana, com o fito de combater a doença. À medida em que a doença foi sendo erradicada e o município rastreado, os médicos foram

deixando Candeias gradativamente num espaço de vários anos.

O primeiro a ir embora foi o Dr. Célio, o único solteiro. Depois foi Dr. Américo. No princípio da década de 50 foi à vez de Dr. Wandik e o último foi Dr. Pery. --- Acompanhando o Dr. Wandik para o Rio de Janeiro, foi o enfermeiro Domingos. Assim estiveram junto a nós, essas pessoas que estão bem registradas na nossa história e ainda bem lembradas pelos candeenses mais antigos. --- Assim, hoje estaremos destacando o nosso homenageado o Sr. Francisco Quintino da Silva, que preferiu continuar servindo ao povo de Candeense.

Quintino, como era conhecido por todos os candeenses, também teria que ir embora. Era funcionário federal da saúde e aqui não haveria lugar para ficar lotado, pois o serviço da lepra teria se esvaziado. Mas, para a felicidade do povo candeense, Quintino integrou-se a nós de forma tão veemente que talvez tenha se imaginado não haver nenhum lugar no mundo melhor para si do que Candeias. E conseguiu, através de seus amigos políticos, permanecer em Candeias como empréstimo ao Estado, passando a prestar os seus serviços ao Posto de Saúde ao lado do Dr. Zoroastro Marques da Silva.

Nascido aos 19 de setembro de 1910, na cidade mineira de Carmo do Rio Claro. Filho de Ernestino Quintino de Oliveira e de Mariana Cândida de Paulo. --- De sua terra natal transferiu-se para a cidade de Três Corações, de onde veio para cá. Casou-se com a Sra. Andrelina Bernardino da Silva, natural de Cruzeiro, Estado de São Paulo, com quem  teve apenas uma filha biológica: Wanda Quintino da Silva, felizmente entre nós. Muito conhecida em nosso meio por Wanda do Quintino. --- O coração benevolente de Quintino lhe deu ânimo para criar cinco filhos adotivos, são eles: Mauro Lúcio, Marlene, Joaquina (filhinha) Maria do Carmo e Jerônimo.

Na sua profissão de enfermeiro, Quintino, por muitas vezes, na ausência de médicos, fez o papel de médico, pois tinha muita experiência por ter trabalhado vários anos junto aos grandes médicos que passaram por Candeias. Na zona rural, por muitas vezes dormia na casa de pessoas doentes para ajudá-las na recuperação da saúde. Era um homem de índole familiar. Gostava de crianças e delas cuidava com muito carinho. Muito atuante, colaborou com a nossa sociedade, na política e socialmente.

Foi vereador por várias legislações e tinha como certo um grande grupo de eleitores, pois era ele demasiadamente atencioso. Entre as suas conquistas para o município destacamos o telégrafo. Na época a única forma de se comunicar para fora de Candeias foi através do telégrafo, pois não tínhamos ainda o telefone.

Quintino era grande amigo do ex-presidente da República, Sr. João Goulart, o Jango. Eram compadres. Jango foi padrinho de batismo, de sua filha, Wanda, numa celebração que aconteceu em Belo Horizonte, quando Jango era Vice Presidente da República.

Homem de muitas amizades; representava como poucos candeenses, o nosso município. Atuou no esporte. Foi um grande ídolo do tempo do Rio Branco Futebol Clube, quando este ocupava o espaço de primeiro time da cidade. Adorava comer sardinha misturada com goiabada e estava sempre sugerindo essa mistura aos seus amigos, que nunca a recebiam com naturalidade.

Quintino faleceu no dia 08 de agosto de 1986 aos 76 anos de idade. Seu corpo repousa no Cemitério São Francisco, no seio da terra que tanto amou e a qual dedicou a maior parte de sua vida.

Por ter participado da nossa vida... Nas nossas lutas... Nas nossas dificuldades, nas nossas tristezas e nas nossas alegrias, nós o louvamos como um candeense nato querido e ilustre... Muito obrigado  meu caro amigo Quintino; um amigo que eu tanto gostava de ouvir.

Onde quer que esteja, receba o meu abraço e com certeza de todos os candeenses.

Armando Melo de Castro.

Candeias MG Casos e Acasos

DONA MARIAZINHA


Dona Mariazinha - Foto do arquivo da família
---É lamentável que as novas gerações fiquem perdidas dentro da história do nosso município por falta de informação. Hoje vamos fazer uma homenagem mais do que justa, estaremos focalizando uma mulher... Uma grande mulher candeense que teve uma grande participação na construção da história de Candeias! Uma mulher ilustre que tinha uma atividade meritória à vista de todo mundo. Mãe de família exemplar. Mulher de mãos limpas; mãos dignas de louvor por tudo que tomava para fazer... Estamos falando de Dona Mariazinha.
---E quem foi Dona Mariazinha?
---Dona Mariazinha nasceu Maria Rita Lara no dia 7 de outubro de 1877 em Candeias, filha de Militão Rodrigues da Costa e Joana Maria Nepomuceno.
Casou-se em 1895 com Bernardino Pinto Lara, ficando viúva em 1913, com apenas trinta e seis anos de idade. Do casal nasceram os filhos: Sebastião, Maria dos Anjos, Maria da Conceição, Maria José e Gabriel, (o Bebé da Mariazinha).
---Dona Mariazinha era dona de um coração que mal cabia no seu peito, haja vista, ter criado um filho natural de seu marido, o menino, José Pinto Lara, desde os dois anos de idade. Criou como se fosse um de seus próprios filhos atendendo pedido de seu marido por ocasião de sua morte.
---Logo que ficou viúva, o filho Sebastião, com apenas dezoito anos de idade assumiu a responsabilidade do lar, que ficava situado na esquina da Rua Coronel Marques, que dava acesso à Estação Ferroviária, onde hoje se encontra o estabelecimento da K-10, Lotérica.
---Numa época em que não havia essas aposentadorias de hoje e nenhum tipo de bolsa por parte do governo, Dona Mariazinha, dedicava, para manter a família, a profissão de quitandeira. Suas quitandas eram muito deliciosas e eram servidas nas melhores festas da cidade.

---Com grande luta e dignidade conseguiu criar os filhos. Em 1915, seu filho, Sebastião, o arrimo da família, casou-se, mas continuou morando com a mãe e ajudando na manutenção do lar e a cuidar dos irmãos mais novos. Ele que labutou com a mãe para a sobrevivência da família veio a falecer ainda muito jovem em 1935... Mais um golpe do destino para Dona Mariazinha.
---Com o passar dos tempos foram se casando os demais filhos: Maria dos Anjos com Martiniano Guimarães, pais da Terezinha, esposa do Lulu (O Lulu do bar). Maria da Conceição, com João Eleutério Parreira, pais de Dona Zélia Eleutério e Enir Parreira. Maria José, com João Teixeira de Oliveira, de cuja prole destacou o ilustre cidadão, Sr. Luizinho Teixeira. Gabriel Pinto Lara, o Bebé da Mariazinha, casado com Dalva de Sousa. Não tiveram filhos, mas adotaram a Wilma, que criaram com carinho. E José Pinto Lara, com Ana Carlos Pinto. Todos os filhos de Dona Mariazinha são falecidos.
---Dona Mariazinha era uma mulher dinâmica e determinada. Participava dos problemas políticos e sociais de nossa cidade. Foi à eleitora número 1587 da 27a Zona Eleitoral, em Campo Belo, e domicilio eleitoral no distrito de Candeias. Teria sido uma mulher como muitas outras que, também, colaboraram na construção de nossa história se não tivesse exercido uma atividade que a fez diferente: Foi uma parteira digna de louvor. Ora sozinha, ora acompanhando o eminente, Dr. Zoroastro Marques da Silva, de quem obtivera carta branca para parteira. --- Chegaram ao mundo trazidos por suas habilidosas mãos, inúmeros candeenses entre os quais muitos de modesta profissão, e outros, especialistas profissionais.
---Dona Mariazinha, não só fazia o parto como, também dava, durante dez dias, assistência à parturiente e ao recém-nascido. E nada cobrava por isso. Era um trabalho humanitário e que lhe rendia, às vezes, apenas uma pequena gratificação espontânea.
---Nossa ilustre conterrânea Dona Mariazinha, faleceu em maio de 1961 aos oitenta e quatro anos de idade, em casa de sua filha, Maria José Lara, após uma longa enfermidade.
---A Câmara Municipal de Candeias, numa homenagem justa, dedicou à antiga Rua Cuiabá, em seu nome. “Rua Maria Rita Lara”. Há mais de 10 anos, e até hoje a Prefeitura de Candeias, num lamentável desrespeito ao nome dessa ilustre candeense, até hoje não trocou a placa cuja rua continua com o nome de Cuiabá. Isso é lamentável. É uma cultura dos vereadores de Candeias trocarem o nome de ruas, mas não trocam as placas.
---Quantas e quantas vezes, eu conversei com Dona Mariazinha e que papo mais agradável. Que o povo candeense não deixe o nome dessa mulher se apagar pelo tempo. Uma mulher cujo nome traduz amor, dedicação, luta e sacrifício e que participou ativamente da construção da nossa história. --------. E as novas gerações que não a conheceram, que não deixem esse nome se apagar dentro da nossa história. Sabemos que o tempo é responsável por construir e destruir. Contudo, o nome de Dona Mariazinha merece ser guardado e resguardado pela nossa história.
---Parabéns Dona Mariazinha! Você não passou neste mundo por acaso. Você veio aqui cumprir os desígnios de Deus e esses foram cumpridos com louvor na construção de lares e da história de nossa querida cidade de Candeias.
Armando Melo de Castro.