Total de visualizações de página
sexta-feira, 29 de junho de 2012
OS LADRÕES DE COLARINHO BRANCO
quarta-feira, 20 de junho de 2012
MARIA E 0 JUMENTO DO SEU MARIDO!
A Rua Coronel João Afonso, em Candeias, continua viva na minha memória. Foi ali no número 306 onde me aportei no dia 16 de janeiro de 1946, pelas mãos da parteira Dona Maria do Estevão. --- Esta rua mora dentro de mim. ----- E em todos esses anos, eu posso dizer que eu nunca perdi a sintonia com ela, afinal sempre foi e será o palco da minha vida.
Minha mãe tinha muita curiosidade de saber da vida de Maria sobre o seu primeiro casamento. Nesse dia Maria resolveu matar a curiosidade dela.
---Como foi mesmo o seu primeiro casamento comadre Maria?
E ai, como ficou?
Candeias MG Casos e Acasos.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
GAY OU BICHONA?
---Amor, você fez a barba ou ainda está barbudo? Fez? Aí que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
quinta-feira, 7 de junho de 2012
JOÃO CAMBOTA.
Fomos grandes amigos. Participei bastante de sua vida, desde a fundação do Ginásio de Candeias, que funcionava precariamente na Escola Estadual Padre Américo, no período da noite. ---- Nesse tempo, em Candeias, não havia quase nada o que fazer à noite. A televisão ainda não teria chegado. --- Assim, com o advento do ginásio, muitas pessoas de idades diferentes matricularam-se não com o objetivo principal de estudar, mas para ter aonde ir e ocupar o tempo para namorar e ou farrear.
Havia um grupo de estudantes que quase levou o Ginásio de Candeias ao fechamento. Para muitos a escola tornara-se numa diversão, num ponto de lazer para eles. Iam para lá, exclusivamente, para se divertirem. E João Cambota pertencia a esse grupo. ---- Certa vez, ele levou uma garrafa de pinga e um pedaço de mortadela. Quando chegou a hora do intervalo, ocorreu uma verdadeira festa. Isso deu um bode danado. ---
Minha amizade com o João Cambota começou nesse tempo como colegas no Ginásio. Depois, nas minhas andanças, como bancário ou a passeio, sempre encontrava com ele e a sua pasta de viajante. ---- Era um grande vendedor e faturava um bom dinheiro.
João se casou com a professora Mercês Santos, da cidade de Cristais, irmã de Dona Aparecida do Biribico. --- O casamento não durou muito, porque João não conseguiu se adaptar à vida de casado.
Visitava-me sempre quando eu morei em São Paulo na Rua General Osório, no Bairro Santa Ifigênia, sendo que, muitas vezes, dormia no meu apartamento e, por lá, colocávamos a conversa em dia e tomávamos os nossas tragos, ainda num tempo em que não teria sido tomado pelo excesso. João era uma excelente pessoa, mas ruim para si.
Praticamente, em todas as cidades, nas quais morei e trabalhei, era inevitável o meu encontro com o João Cambota. Entretanto, o tempo que é responsável por tudo, principalmente, por nossas vidas marcou com tristeza os meus dois últimos encontros com ele; dramáticos e que eu jamais os esquecerei. ---- João teria se tornado num alcoólatra inveterado e ia a cada dia se entregando a mais, ao alcoolismo. ----
Certo dia, quando eu residia na cidade de Luz, eu o encontrei num bar já embriagado. --- Um encontro totalmente diferenciado daqueles que outrora por tantos vezes tivemos. ---- E eu ainda brinquei com ele: João como você vai vender alguma coisa nesse estado? ---- Convidei-o para ir até à minha casa, mas ele não aceitou o convite. ---- Ali nos despedimos quando ele me disse que estaria indo para Candeias naquele dia.
Quatro dias depois eu fui procurado, na agência bancária onde eu trabalhava pelo dono de uma casa comercial, antigo freguês dele, Sr. Antônio Maciel, que lhe concedera estadia por uma noite num cômodo existente na área de depósito de sua empresa. Mas João permanecera lá por mais tempo, quando o seu estado físico piorou.
---- Esse senhor sabendo que éramos conterrâneos, procurou-me para saber como entrar em contato com a família dele em Candeias, ou se eu poderia fazer isso, porque João teria passado mal e ele o teria internado no hospital.
Imediatamente, fui ao seu encontro e pude constatar, com extrema tristeza, o estado de saúde em que se achava o meu amigo, João Cambota. Estava sujo, magro, barbudo e mais parecendo um mendigo.
---- Fiquei estarrecido diante daquele quadro tão triste. Aquele que outrora era tão saudável, bem afeiçoado, trabalhador, agora, se encontrava, totalmente, destruído pelo álcool. E eu lhe perguntei: “João você me disse que iria embora”? --- E a resposta foi clara: “Eu não tenho mais para onde ir”... Perguntei-lhe se queria que eu o transportasse até Candeias, eu estaria pronto para fazer isso. Mas ele não aceitou. O recurso foi procurar a sua família.
Entrei em contato com a sua família, especificamente, com o seu irmão, Zé Cabeça, que, juntamente com a sua esposa, Rosália, estiveram na cidade de Luz e levaram-no para Candeias, diante de seus protestos pelo delírio alcoólico.
Algum tempo depois, eu o encontrei em Candeias nas barraquinhas da igreja. Estava com um braço inutilizado. Teria dado um murro em uma porta de vidro e cortado o pulso. Chorou, quando me viu. E, diante de suas lágrimas, me disse:
---E, agora, Armando! Não posso mais tocar sanfona, nem cavaquinho e nem violão. Minha vida está acabada. Tentei consola-lo, porém, foi inútil. Custou-me evitar as lágrimas. ---Poucos dias depois, recebi a fatídica notícia de que João teria falecido tendo sido atropelado por um caminhão de forma estupida e dramatica.
A notícia da morte de João Cambota foi para mim um choque emocional. Uma mistura de pesar, de piedade, de tristeza e de meditação. --- Essa notícia cravou a minha memória de uma lembrança que nunca sairá de mim. ---
Algum tempo depois, em visita ao cemitério São Geraldo eu passei por um túmulo, era o túmulo do João. --- Parei por ali um pouco, fiz uma prece e fiquei recordando do nosso convívio de amizade que teria sido tão duradouro por tantos anos. E ao sair dali, senti que os meus olhos lacrimejavam por ter sentido através dos meus ouvidos a sua voz, como se ele falasse: não vai não Armando, fique aqui mais um pouco.
Onde quer que esteja meu amigo João cambota, receba o meu abraço, o meu forte abraço... Você não era amigo para perder João, mas acabei o perdendo. Ainda bem que o perdi para Deus!
Armando Melo de Castro