Foto apenas para ilustrar o texto.
Eu não tenho nada contra o
setor terciário, mas tenho a minha opinião sobre self Service de restaurantes,
as chamadas comidas a quilo. É claro que nem todo autosserviço é ruim, os
Bancos, por exemplo, favorecem muito com essa disponibilidade de saque durante
24 horas e as compras em supermercados se tornaram bastante práticas. Mas em
restaurantes?! Aqueles que não concordam comigo, me perdoem.
Eu
prefiro comer um sanduíche de mortadela ou daqueles de carrinho de esquina; um macarrãozinho
fritado nas barracas de exposições agropecuárias; um cachorro quente numa festa
do rosário; um churrasquinho de ponta de rua, mesmo sabendo que nesses pontos o
conceito de higiene não é dos melhores. Mas para self servisse eu não tenho
estômago.
Sei que existem lambanças
por toda parte quando saímos de casa, mas self Service de restaurante, nem as
ascaridíases que por ventura habitam em mim, não receberiam com naturalidade,
iguarias oriundas daqueles tabuleiros.
Na vida as circunstâncias, às vezes, transformam o nosso comportamento quando passamos a dar a impressão de que somos chatos, nojentos, aborrecidos. Mas na maior parte das vezes todos nós temos uma atenuante que justifica o nosso jeito de ser.
Na cozinha de um restaurante, a comida que você vai comer
fica a mercê de uma única pessoa, ou seja, a cozinheira ou o cozinheiro. No entanto, lá no Self Service, por mais
asseada que tenha sido preparada a comida, se torna numa lambança comum. Principalmente
nesses Self Service de baixo custo.
A higiene é uma coisa salutar, contudo, não
está ligada a todo mundo.
Não seria justo, todavia, não explicar por qual o motivo eu não aderi esse tipo de serviço, mesmo porque, ele vem sendo considerado prático, econômico e tornou-se, hoje, bastante comum nas praças de alimentação.
Quem leu o texto até aqui,
pensará naturalmente: puxa, mas que cara nojento, chato, aborrecido,
encrencado... E eu responderia: chato, aborrecido, encrencado não concordo, mas nojento
sim. Sou nojento e não consigo abrir mão do meu nojo. Cumpre-me, portanto,
contar o porquê dessa coisa; o motivo que me leva a não optar por esse tipo de
alimentação e prestação de serviço.
No ano de 1980 eu fui
designado pelo Banco onde eu trabalhava, para ir substituir o gerente da cidade de
Bom Despacho. E tinha por lá um desses restaurantes, então, bastante
movimentado, com muitas iguarias, muita carne e variedades que dava para formar
um prato de comida dos mais nutritivos.
Parece-me que era o início do desenvolvimento
do comercio de comida a quilo. Os tabuleiros e bandejas bastante limpos, a
comida muito bonita e apetitosa.
À minha frente, um cidadão
gordo, fungando feito um danado, ia servindo o seu prato que já não tinha mais
espaço; e com isso dava uma de equilibrista ali. Sei dizer que a comida que
estava naquele prato daria para eu almoçar e jantar.
Nessa minha observação, eu
vi cair o cabo da colher de servir sobre o feijão; e ele de forma bastante
negligente, enfiou a mão e pegou a colher e limpou a mão nas suas calças. (E eu ali olhando)
Mas mesmo assim, resolvi me
arriscar de outra vez, apesar da má impressão que teria me deixado aquele modo
de tomar refeição. E no outro dia voltei àquele lugar e quando eu servia o meu
prato, agora sob uma atenção muito maior, presenciei outro episódio.
Tendo o estaleiro que prende
os tabuleiros do Self Service, mão e contra mão, eu vi do outro lado uma mulher
que deu um espirro sobre as verduras.
Diante disso, fiquei ali sem saber se
continuava a me servir ou parava... Se eu comia ou não comia... Quando aquela
mesma senhora, agora, dá uma espirrada sobre o tabuleiro de arroz, fazendo voar
sobre o mesmo aquela crosta pulmonar nojenta, quando ela as pressas a tapou com
uma colherada de arroz. Eu e mais uma outra pessoa vimos, a esperteza da mulher, mas
outros não viram e continuaram servindo daquela comida.
Como se vê a higiene daquele
alimento não está a cargo apenas dos proprietários do restaurante. Isso que digo, é o mínimo do que se sabe.
Com certeza isso me causou
um trauma, essa terrível experiência emocional, de grande intensidade que deixa
uma cicatriz na mente e que infelizmente causa efeitos na personalidade humana.
Por mais que eu viva, eu nunca vou esquecer aquela mulher espirrando e tapando
o conteúdo do seu espirro com a colher de arroz.
Desculpem-me se o texto
apesar de real não é dos mais agradáveis. Eu o coloquei no plural, diante de um conceito literário, no sentido de me resguardar um pouco do meu nojo e poder ser entendido por algum outro nojento que por ventura possa me entender.
Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.
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