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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA.



Há dias quando eu passava pela Avenida Rio Branco aqui em Juiz de Fora, observei um homem caído num canto da avenida. O povo, incluindo eu, passava para lá e para cá e ninguém parava para ver aquele coitado ali que poderia estar dormindo, bêbado, ter passado mal ou estar morto. Quando voltei, pelo mesmo caminho, havia algumas pessoas ao redor do homem ali caído e alguém já dizia que ele estava morto. Foi preciso entre centenas de pessoas, aparecer um curioso para constatar que havia ali um filho de Deus morto de qualquer jeito.

Diante daquele quadro fúnebre eu fiquei a meditar: Se eu cair morto aqui em Juiz de Fora, até que vejam que estou morto pode demorar horas. E quando isso acontecer serei levado para algum lugar até que possam encontrar a minha família para chorar ou lamentar a minha morte. E por um momento parece que me senti preocupado com isso. Conclui, portanto, que nós humanos gostamos de ser observados até mesmo depois de mortos enquanto estamos vivos.
Quem não gostaria de ser o descobridor da cura do câncer? Quem não gostaria de ser um artista famoso?  O rei do petróleo...  Um presidente da república... O melhor jogador de futebol do mundo?  Imagino que todo mundo gostaria de ser notado.

Aquele homem morto me deixou meio abatido, meio abalado, meio triste. Só meio... Afinal não sei de quem se tratava e nessas circunstâncias somos igualmente meio frios. E mesmo sentindo esse meio eu já procurei afasta-lo de mim. Logo passei defronte a uma casa lotérica e lá estava uma placa informando que a Mega Sena estaria acumulada em 44 milhões de reais. Uma grande aglomeração estava ali presente, e como havia um caixa prioritário para os idosos resolvi participar daquela esperança.  Nesse momento eu já entrei para a lotérica e fiquei por ali tentando imaginar quais seriam os números que poderiam por aqueles 44 milhões de reais nas minhas mãos. Fiz dois jogos na Sena, comprei raspadinhas e tiras de bilhete do jacaré. Gastei 15 reais e sai dali pensando, pensando e pensando e cheguei à minha casa pensando e pensei até o dia do sorteio: Eu, com 44 milhões na minha conta no Banco poderei fazer isso e aquilo. Já nem pensava em raspadinha e nem tiras de bilhetes. Eu queria era os 44 milhões para alimentar a minha vontade de ser notado e pensava: Serei o dono do mundo, naturalmente pensei... 

E quem não pensaria? Eu poderia dar carros de presente! Dar apartamentos de presente!  E com isso o medo de cair morto no meio de gente estranha sumiu. E tão logo tive o resultado dos sorteios que levaram os meus 15 reais para o ralo, eu voltei a pensar no homem caído e morto na Avenida Rio Branco. Só que agora eu pensei diferente... Se eu cair morto em Candeias, todo mundo vai ver que sou eu, na hora... E é por isso que eu amo você minha querida terra onde aportei no dia 16 de janeiro de 1946, às 12,20 horas, quando o sol estalava mamona.

Enquanto isso um único ganhador da cidade de Dores do Indaiá, MG, ficava milionário com os 44 milhões, e eu aqui mais pobre 15 reais. Mas em compensação estive rico de esperanças durante alguns dias. Esperança é uma coisa boa de sentir e pode nos fazer felizes e ela é sempre a ultima que acaba.

Armando Melo de Castro

Candeias MG Casos e Acasos.

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