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terça-feira, 26 de novembro de 2013

COMO GANHAR DINHEIRO NO JOGO DO BICHO.


Foto para ilustração do texto.

Ao passar defronte a uma casa lotérica, eu pude observar uma eufórica aglomeração enfileirada com o intuito de apostar na megasena, sonhando em conquistar o valoroso prêmio acumulado. E, ali mesmo, já era fácil ouvir os projetos de vida futura das pessoas que tencionavam ganhar o prémio que rodava em torno de oitenta milhões de reais. Assim ouvi, quando um cidadão dentro de uma fisiológica sensação de bem estar, disse: 
“Se eu ganhar, eu ajudarei os pobres e necessitados. Ao morrer, vou deixar todo o meu povo bem rico.”

Já que tudo neste mundo faz parte da criação divina, eu acho que Deus, ao inspirar o homem a jogar, quis dar a ele a ilusão, a esperança, o desejo, quem sabe, de ter algo aparentemente feliz a fim de que este pudesse sonhar de olhos abertos e, assim, realizar os desejos que a ambição lhe confere.

Quando o premio de loteria fica acumulado, gente que nunca jogou joga na esperança de realizar um sonho impossível. Mas, na verdade, quem realiza o sonho é apenas uma pessoa ou um pouco mais. E aqueles que jogaram, sonharam em um curto espaço de tempo. As pessoas não compram bilhete de loteria, elas compram uma ilusão, a esperança de se ver nadando no ouro, fazendo o bem ou fazendo o mal. Há muitos que ganharam e não souberam lidar com o dinheiro e acabaram se dando bem mal. Sempre temos notícias de pessoas que ganharam, ficaram muito ricas e voltaram, rapidamente, a ser pobres. 
Certa vez, o Mozart Sidney me disse que o dinheiro não tolera desaforos nem pouco caso. E quem o tem com fartura pode ser que faça isso.

Viver não é fácil. Todo mundo sabe disso. O pobre pensa que a vida do rico é boa, enquanto muito rico daria tudo para viver uma determinada paz que pertence a um pobre. A verdade é que ninguém está plenamente satisfeito. O poeta, Vicente de Carvalho, disse muito bem que a felicidade esta onde a pomos, mas nós nunca a pomos onde estamos.
O jogo, naturalmente, é a rota mais fácil de chegar à riqueza, remediar ou ganhar algum dinheiro sem muito sacrifício. Na verdade, aquele que joga está atrás de facilidade para por a mão no vil metal precioso. Todavia, existem diversas outras trilhas que, também, levam o tiro a sair pela culatra. E para que isso não aconteça, é preciso ter sorte e muita fé.

O sonho de todo jogador é ter o poder de adivinhar os números da sorte ou uma forma de saber o resultado de um jogo antes de proceder à aposta. O jogo do bicho é o jogo de maior acessibilidade às pessoas. Nele, jogam os idosos, os jovens, as mulheres e os homens, enfim, todo mundo faz a sua fezinha por causa do relacionamento do homem com os bichos e por ser de fácil entendimento.

João Passatempo foi um candeense cambista do jogo de bicho e vendedor de bilhetes de loteria. Era um idoso alto, magro, barbeado, cabeça coberta por um chapéu da aba estreita, friorento, mesmo no calor estava com um cachecol enroscado no pescoço. Vivia dizendo que não comia marmelada de lata porque era feita de puro chuchu. Dizia, também, que se deixasse uma lâmpada acessa em meio a uma laranjeira, com certeza, ela daria frutas fora do tempo. Dizia ainda que a Bíblia Sagrada estava toda errada. Certa vez, eu o ouvi dando ênfase a esse comentário:

---Onde já se viu gente! Jesus Cristo ter ficado quarenta dias e quarenta noites sem ‘cumer’? Só foi sinti fome dispois desse jijum? E eu vou acreditá nisso? Ele era santo, mais era home, uai!... Ele pudia tê murrido de fome. E o diabo oferecendo terra prá ele? Ele num era o fio do dono? (Mateus 4:l.3)”

João Passatempo disse, em determinada época, que teria inventado um jeito fácil de ganhar no bicho, mas, que ensinaria apenas a quem jogasse com ele. Numa roda de fregueses jogadores, ele explanou a sua ideia de forma restrita, pois o banqueiro, Altamiro Guimarães, não poderia, jamais, tomar conhecimento da grande descoberta.

--- Óh, gente! Eu vô insiná proceis, mais boca de siri, hein! Se arguém discubri a minha invenção, eu vô sabê que saiu doceis. E aí, a vaca vai pu brejo e ninguém ganha nada. Esse jeito qui eu inventei de ganhá no bicho eu divia ficá quêle só prá mim, mais, como oceis é tudo meu amigo, eu tô insinano. Mais oceis tem que jugá cumigo. O jeito é esse: Tem vinte e cinco bicho, num tem? Intão parte com o bichero, o Miro. (Miro era o banqueiro) Joga 12 e dexa 13 prá ele. E eu quero vê se ele vai ganhá muito igual ganha... Cê perde num dia, mais ganha no ôto, ou intão, joga só nos bicho de pena e dexa os de coro, ou intão, joga só nos de asa. Ninguém vai perdê, eu passei muito tempo estudando e martelano isso na minha cabeça e quero passá pá todo mundo. Eu, além de passatempo, passo pus otos sabiduria tamém.
“O insensato não tem discrição; só quer espalhar o que pensa.” (Pr 18:1)

Armando Melo de Castro
Candeias Casos e Acasos MG.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

DINHEIRO, O MELHOR REMÉDIO.

Foto para ilustração do texto.


Na semana passada, eu fui à farmácia com o intuito de comprar uma pomada à base decetoconazol que inclui, entre outras, a Betricort e a Novacorte. O medicamento é, costumeiramente, indicado para as afecções de pele nas ações anti-inflamatórias. É muito usado para os pequenos cortes domésticos.

Há anos, eu uso esse remédio sem qualquer problema. Todavia, ao compra-lo, me exigiram, na farmácia, uma receita médica para a sua venda. Alegam que se trata de um antibiótico e que, de acordo com as regras vigentes, doravante, somente poderá ser vendido com tal documento. Diversos medicamentos que eram vendidos sem receita passaram a ser comercializados, atualmente, com a sua apresentação.

Eu fico pensando que as pessoas que criam as regras, as normas, as leis neste país se encontram extremamente sem ter o que fazer e, assim, passam a inventar diversas aberrações que apenas dificultam a vida da maioria sofrida e indefesa da população. Mas, é claro que na realidade, eles têm sim o que fazer: defender a classe economicamente mais forte do país evidenciando, assim, o descompasso da justiça social brasileira. 

Chego à conclusão óbvia, por sinal, que todo ato que muda a vida em geral da população, pela via legal, sempre tem o implícito desejo de favorecer a uma minoria representada por corporações, instituições e classes cada vez mais preocupadas com o próprio umbigo, ou melhor, com o próprio bolso. Parece até que uma receita médica é de graça e que nos postos de saúde estão distribuindo-as à vontade para quem delas necessita. É muito fácil exigir uma receita médica. Parece que o médico vai para a casa do doente vigiar se ele tomará o remédio. Pelo que vejo, no futuro irão exigir receita médica para vender melhoral.

A todo momento, estão aparecendo com um velho remédio que dizem fazer mal à saúde, após esse medicamento já estar no mercado há muitos anos. Isso quer dizer que aqueles que o inventaram, distribuíram e venderam no mercado foram, claramente, irresponsáveis e, agora, aqueles que o controlam, o proíbem são os competentes? Engana-me que eu gosto, dirão muitos. 

Esses cartéis que se formam no Brasil causa nojo a uma pessoa lúcida. Depois que o medicamento já foi vendido durante anos e anos, vem uma ordem proibir a venda sem uma receita. Um medicamento, além de custar os olhos da cara, deve-se prescindir de um documento burocrático para ser vendido. Em relação a alguns remédios tal exigência é até compreensível, agora, quanto a uns remédios que apenas curam pequenos ferimentos na pele, depois de já estarem sendo usados há anos, é muito, mas muito estranho. Enquanto proíbe-se o remédio sem receita, nada é feito para ser facilitada a aquisição desta.

Será que esses cidadãos parlamentares ou responsávaeis por instituições que regulam essas leis ou regras sabem o quanto custa uma receita médica? Será que eles sabem das dificuldades, neste sofrível país, para se conseguir uma consulta pelo SUS? Forma-se um médico por uma Faculdade Federal sem que esse venha a ter qualquer compromisso monetário com a sociedade que custeou os seus estudos. Cobram um preço exorbitante por uma consulta, arrancando os olhos da cara do povo. 

Medicina no Brasil, atualmente, é sinônimo de riqueza. Tenho visto, constantemente, por aí, muitos jovens comentando que vão estudar medicina porque serão ricos. E é verdade. Uma lamentável verdade. Serão mesmo ricos porque vão pertencer a um cartel sem dó e sem piedade. O SUS não funciona. Os planos de saúde não funcionam como deveriam. A única situação que funciona é o “particular” e, nesse caso, somente para os endinheirados, os poucos privilegiados desta sociedade cada vez mais desigual. E agora para comprar um medicamento de $ 20,00 querem uma receita de R$ 200,00. Esse é o nosso país. O país das contradições, das injustiças. Esse é o país administrado por ladrões que só fazem leis que protegem os ricos, os aquinhoados.

Nos plantões dos hospitais ou nos postos de saúde, o povo mal consegue uma receita para os remédios controlados. Atendimento precário. Uma sobrinha minha, em Formiga, acudida por um acidente de moto, foi levada ao hospital cujo médico plantonista costurou-lhe a ferida de sua perna com areia dentro. Por pouco a moça não perdeu a perna, contudo, ficou com sequelas. E isso acontece todo dia na classe mais humilde.

Recentemente, eu li um artigo de um médico pelo qual dizia que, hoje em dia, é muito fácil achar quem tenha problemas para evacuar ou sinta que não vai ao banheiro tantas vezes quanto deveria ou gostaria de ir.

Eu achei inusitado quando li o alerta do médico dizendo que o nosso intestino tem um ritmo que avisa o momento da evacuação e, se este aviso não for seguido, talvez, somente voltaria a acontecer no dia seguinte. "Assim, perdemos aquele dia de evacuação. No dia seguinte, as fezes estarão mais ressecadas e teremos maior dificuldade para a evacuação", afirma ele:  Nestes casos, as mulheres são as que mais sofrem, pois têm muita dificuldade em ir ao banheiro fora de casa e o referido médico recomenda aos leitores do referido artigo que evitem comidas pobres em fibras, como as vendidas em fast-foods e de produtos industrializados, pois aumentam ainda mais o problema. As fibras são essenciais para o bom funcionamento intestinal e, finalmente, teceu uma dieta que somente os ricos e bem ricos poderiam seguir.

Parece que os médicos se esquecem que nós estamos no Brasil, um país de gente pobre e de médicos ricos. É chique cobrar caro por uma receita, isso valoriza o médico no seu entender. Enquanto o SUS lhes paga menos de $15,00 por uma consulta, um particular tem que pagar por $300,00. Enquanto morrem os pobres nos corredores. E a culpa acaba somente sobre o governo. Afinal, Onde está o juramento de Hipócrates? A bem da verdade o juramento de médico chega ser de hipócrita, enquanto os pobres estão vendendo o nariz para comprar pó, vendendo o pé para comprar sapato e aí, vem um médico elitista recomendar hora para “cagar” e sugerir uma dieta com coisas que essas pessoas nem nunca ouviram falar. Custam-lhes comer macarrão.

Recentemente, eu ouvi o Valdomiro Santiago, o líder da Igreja Mundial do Poder de "Adeus", aquele que pede para os seus seguidores um dízimo de R$300,00, dizer, em uma entrevista, que muitos médicos não dão conta de curar os seus enfermos e estão o recomendando porque na sua igreja acontece milagre de toda ordem. Pelo que vejo, Valdomiro tem a procuração de Deus e de Jesus Cristo para curar. Todavia, ele cobra caro.

Eu acho que os médicos e os religiosos deveriam ser mais piedosos, mais humanos e mais complacentes. Afinal de contas, deveriam pensar menos no dinheiro e um pouco mais na missão que Deus lhes confiou.

É lamentável, deveras lamentável.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos