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domingo, 30 de junho de 2013

UMA PASSEATA EM CANDEIAS.


(Jânio Quadros) Foto para ilustração do Texto
Pelo que vejo, o PT (Partido dos Trabalhadores) começa a pagar por seus grandes pecados. Faz parte da história política que quando um partido cresce demasiadamente e começa a se achar o dono do mundo, a se confundir com o próprio governo é porque começou a se desprender de suas estruturas. 

No passado isso já aconteceu com o PSD, com a UDN, com a ARENA, etc. Só ainda não aconteceu com o PMDB porque este é um partido que não busca assumir o poder executivo da nação. Ele prefere solapar entre os vice-presidentes, os ministros, os deputados e senadores. Afinal, é muito mais fácil acender uma vela para Deus e outra para o diabo, o que o PMDB sempre fez muito bem. Os votos de seus eleitores são trocados por mordomias de seus políticos e na hora da VERDADE ele nunca aparece. 

 Essas manifestações que estão acontecendo em todo o Brasil estão chegando bem atrasadas. Já era tempo dessa moçada sair às ruas em sinal de protesto. Certa vez, o falecido congressista, Ulysses Guimarães, disse que a única coisa que faz um político ter medo é o povo nas ruas. 

Infelizmente a geração de hoje precisava se retirar da inércia em que se encontrava, apoiada em uma vã filosofia, desprovida de ideologia cujo hino estava baseado somente em drogas excessivas, violência descabida, falta de respeito à história e aos mais velhos, cantando em verso, prosa e o que é pior, em funk, a pornografia explícita. 

Portanto, como são as revoluções que modificam a sociedade, já era a hora de ocorrer uma revolução. A Revolução Apartidária das Manifestações Populares. É inacreditável presenciar um Zé Dirceu, um José Genuíno, um Delúbio Soares, um João Paulo Cunha, um Costa Neto e tantos outros, que foram condenados por corrupção, não estarem cumprindo suas penas na cadeia e ainda saber que alguns, inclusive, ocupem cargos públicos como agentes políticos deste país. 

Todavia, não podemos, também, deixar de anotar aqui a falta de responsabilidade dos eleitores que votam em pessoas desse quilate: sem biografia, sem princípios morais e de mãos sujas. Esses eleitores são uns mortos de fome, irresponsáveis que se vendem por qualquer preço. São uns imorais que trocam os seus votos por benefícios. 

O povo brasileiro precisa mesmo fazer uma faxina nos políticos, todavia, está precisando, ainda, punir não só aqueles que compram votos, mas, principalmente, aqueles que os vendem. 

De uma coisa, eu tenho certeza: o povo nas ruas vai fazer essa turma do PT parar de ficar se aplaudindo e de se auto vangloriar como se o Brasil tivesse sido descoberto há apenas dez anos, quando eles assumiram o poder. Sabe-se que esses petistas de carteirinha já estiveram nas ruas com bandeiras e tudo. Fizeram badernas, saquearam e quebraram coisas, patrimônio público e privado. E isso ninguém me contou. Eu vi com os meus olhos, lá no centro da capital do Estado de São Paulo e em vários pontos do interior, incitando greves e muito mais. Agora, chegou a hora de darem uma resposta às ruas. Por que não prometem ao povo tudo aquilo que pediram no passado? 

 O povo nas ruas não é brincadeira. A força popular em um país democrático é muito grande. Obviamente, afora os badernistas, os criminosos e os vândalos que aproveitam a oportunidade para se infiltrarem em meio aos manifestantes. Portanto, é importante e necessário a polícia saber distinguir badernistas de manifestantes.

 E por falar nisso, eu me lembro que já participei de uma passeata por uma vitória nas urnas quando foi eleito o Presidente Janio quadros. Candeias tinha a prefeitura administrada pela UDN (União Democrática Nacional). Todavia, esse histórico partido não havia tido ainda uma vitória estadual e, muito menos, uma federal. O PSD (Partido Social Democrático) era o grande partido que comandou o país por mais de trinta anos. Contudo, em 1960, foi eleito, surpreendentemente, para governador de Minas Gerais o candidato da UDN, o saudoso, Magalhães Pinto e para Presidente da República, outro candidato udenista, o sul-mato-grossense, Jânio Quadros. O símbolo de Jânio, em sua campanha, era uma vassoura, pois ele dizia que iria varrer o país da sujeira. Tornou-se uma grande decepção, haja vista ter renunciado à presidência com apenas nove meses de governo, após receber por volta de 6 milhões de votos o que representava, na época, quase 50% do eleitorado brasileiro. No momento da vitória, os eleitores da UDN saíram todos às ruas e cada um com uma vassoura na mão. Lembro-me que, ao passarmos em frente à casa do Sr. Walter Marques, coletor da Coletoria Federal, houve um tumulto muito grande, pois Walter, tradicional eleitor do PSD, com o sentimento da derrota à flor da pele, quase perdeu a cabeça e quis agredir a passeata sendo, entretanto, contido por seus amigos e familiares. Na noite daquele dia, colocou-se fogo na Coletoria em que Walter era o chefe sendo o mesmo, posteriormente, demitido como suspeito. Um processo administrativo se desenrolou por muito tempo, vindo para Candeias, enquanto isso, um novo coletor. Ficou conhecido por Chico Coletor e acabou sendo, futuramente, um dos grandes prefeitos de Candeias. Chico foi um prefeito honesto e um homem muito querido pelo nosso povo tendo passado o fim de seus dias em seu sítio no município de Candeias. 

 Assim, chego à conclusão de como a manifestação popular tem efeitos na vida e na história política de uma comunidade, de uma Nação e como é tão bela a democracia!

 Armando Melo de Castro
Candeias MG casos e acasos.


terça-feira, 25 de junho de 2013

O OLHO NO CISCO

Foto para ilustração do texto.
Como um moderado consumidor de álcool, estou ciente que o álcool, em excesso, leva ao alcoolismo inveterado e é, sem dúvida, um grande inimigo do homem. Nessa circunstância, ele enfraquece o corpo do ser humano, tira-lhe a resistência e lhe traz as doenças. Dentre outros graves malefícios, ele diminui a memória, rebaixa o caráter, embrutece a inteligência e pode acabar, também, com os belos sentimentos que envolvem o ser humano. Pais de famílias que se entregam ao uso do álcool de forma incontrolável causam grandes desastres aos filhos, esposas e pais. Nada mais triste do que ver uma pessoa embriagada, totalmente fora de si.

Contudo, não podemos negar que o álcool usado de forma moderada traz ânimo para a alma. É a alegria em uma festa e ainda pode colaborar com a saúde e oferecer uma sensação de prazer, todavia, como um aperitivo saudável. O problema é que existem muitas pessoas que, ao perderem o controle, exageram no uso das bebidas etílicas e, é evidente, que todo exagero, com certeza, é prejudicial à saúde. Não só o exagero do álcool, mas, todo e qualquer exagero.

Agora, a meu ver, as pessoas que não ingerem álcool por questões religiosas ou filosóficas, ou, ainda, por serem alcoólatras em tratamento ou, simplesmente, por não gostarem de bebida alcoólica fazerem, aos quatro cantos, a apologia negativa do álcool está errado. Por exemplo: Um pastor evangélico, do alto do púlpito da sua igreja, pregar mentiras dizendo que no vinho que Jesus Cristo bebia não havia álcool é o fim da picada. A começar que para se chamar VINHO tem que ser fermentado e para ser fermentado, obviamente, tem que existir álcool. A Bíblia Sagrada, em sua essência, não proíbe o vinho. Ela recomenda, apenas, o uso moderado. Aliás, Paulo de Tarso, em sua Primeira Carta a Timóteo, recomenda no Capítulo 5, Versículo 23 que não se beba somente água, mas também, um pouco de vinho para a cura do estômago e das fraquezas.

Eu tenho presenciado e visto, por aí, alguns pastores fanáticos, que talvez sejam ex-alcoólatras referindo-se ao álcool com a um verdadeiro demônio. Todavia, muitas coisas de que falam são oriundas de suas próprias imaginações, sem qualquer embasamento bíblico. Eu acho graça quando ouço alguns evangélicos dizerem que o vinho de Jesus era um suco de uva. Ora, vejamos, se fosse assim como se explicaria o primeiro milagre de Cristo, em plena festa de um casamento quando Ele transformou a água em vinho (João/Capítulo 2)? E, por sinal, um vinho de primeira qualidade! Aí, vem alguém me dizer que aquilo era suco de uva? Pura balela. Opinião tendenciosa, abstrata de qualquer senso lógico. Não possamos nos esquecer que nos milagres de Cristo havia o improvável e o imponderável, todavia, jamais Ele se abdicava da lógica e da filosofia em seus atos. Com toda a certeza, era um vinho bem melhor do que esses vinhos que os padres católicos bebem.

Eu penso que recomendar a abstinência para quem é um doente do alcoolismo e recomendar o uso moderado para os demais está correto. Agora, ficar pregando, aos quatro ventos, que o álcool é coisa do diabo só mesmo para um ignorante da maior espécie. É patente que tudo com excesso faz mal. Se tomarmos seis litros d’água, de uma só vez, morreremos, imediatamente. Se tomarmos todos os comprimidos de uma caixa de remédio, em uma dose única, teremos, inevitavelmente, uma morte instantânea. Tudo que entra pela boca, em excesso, mata. A diferença entre aquilo que cura e aquilo que mata é apenas o tamanho da dose. Portanto, vamos recomendar aqui a esses pregadores do cristianismo, que não gostam de tomar um aperitivo, para parar com essa história de que Jesus Cristo bebia suco de uva. Vamos relembrar que vinho é bebida fermentada e quando na Bíblia está escrito o vocábulo VINHO, o texto se refere à bebida alcoólica.

Entretanto, mudando o assunto de pau para pedra, eu me lembro, neste momento, do meu amigo Roberto. Roberto era filho natural de outro amigo, o maestro Américo Bonaccorsi. Filho natural, antigamente, se dizia um filho fora do casamento. Não sei se Roberto era filho antes ou depois do casamento do maestro, sei apenas que os dois se davam muito bem. Filho e pai sempre estavam juntos no Candeense Hotel de propriedade do Sr. Américo. Da mesma maneira, Roberto vivia, em plena harmonia, com os seus meio-irmãos que eram os filhos do casamento de seu pai.

Roberto, hoje falecido, foi alcoólatra. No final da vida, já não bebia mais, teria deixado a bebida e vivia tranquilamente. Porém, quando mais jovem, bebeu todas que teve direito e mais algumas. Era visto, constantemente, embriagado, apesar de ser pessoa trabalhadora e cumpridora dos seus deveres. Contudo, nos finais de semana, anoitecia e amanhecia sobre forte efeito de álcool.

Roberto teria perdido uma vista, não sei como, e tinha um olho de vidro, ou seja, uma prótese ocular feita de vidro. Atualmente, é quase inexistente, preferindo-se mais as modernas próteses de silicone.

Quando Roberto estava chapado, parece que o olho o incomodava. Não se sabe como, mas era visível. Certa vez, no tempo em que eu morava na Rua Coronel João Afonso, não havia calçamento na rua e ela ficava cheia dos montes de ciscos que os empregados da Prefeitura deixavam quando a capinavam.

Em um dia de jogo, no antigo Estádio do Rio Branco que ficava pouco abaixo da Loja do Sr. Vicente Vilela, era como se fosse festa. A Rua Coronel João Afonso ficava toda movimentada de pessoas descendo e subindo. Assim, passou, por ali, o Roberto bastante turbinado pela pinga do João Marques. Logo ele verga sobre um monte de cisco tapando um olho com uma mão e olhando sobre o cisco. O Quintino enfermeiro, passou e cuidadoso como era, perguntou ao Roberto:

 "O que aconteceu, Roberto? Foi um cisco no olho? E o Roberto, com aquela sua voz grossa, um verdadeiro rompante, denotando que já teria bebido todas, disse:

- " Que cisco no olho, rapaz! Meu olho é que está no cisco!"

Armando Melo de Castro
Candeias Casos e acasos.

terça-feira, 11 de junho de 2013

AFONSA E AFONSO, E SUAS VIDAS.




Se vivo fosse, o escritor mineiro, João Guimarães Rosa, com certeza, trocaria o seu rifão de que "viver é muito perigoso" para "viver é horroroso".

 

O brasileiro vive, atualmente, a verdadeira guerra do horror. Aquele que sai à rua não tem certeza se voltará vivo ou inteiro para casa. Encontramo-nos num mundo no qual o perigo e a incógnita fazem parte de forma ativa da vida. Podemos notar que o ser humano vai, a cada dia, se perdendo em meio ao horror de vida que se manifesta por todos os cantos. --- E agora, com essa pandemia, a coisa nos parece generalizada. O povo já não tem medo apenas dos bandidos, carrega consigo, também, o medo de um vírus invisível; do futuro e da incerteza em que vive.

 

É verdade que o crime existe desde os tempos de Adão. As guerras são combates que acompanham a evolução do homem, isso porque, afinal são necessárias para a transformação do universo. O mundo pacato, certamente, não progrediria. As contendas e os embates são vitais para o progresso. Todavia, a maldade que habita o homem, ao invés de com o tempo se atenuar, na busca de uma diminuição, vem assustadoramente se acomodando dentro do ser humano fazendo com que os filhos de Deus se tornem em demasia maus, invejosos, prepotentes, egoístas, estando envolvidos, intensamente, em um tipo de sentimento destruidor.

 

Hoje em dia, além da maldade inerente ao ser humano, existem ainda as drogas malignas que infestam, devastam e destroem os lares. ---- As armas de fogo em poder de pessoas, emocionalmente despreparadas. Afinal, se vivemos em um mundo cuja caça é proibida, por que, então, há então a fabricação e o comércio legal de armas de fogo? Esses instrumentos, ao invés de serem proibidos e ou destruídos não deveriam ser fabricados. Um revólver não é uma arma de guerra e se a polícia anda armada é porque o bandido está armado. Conclui-se que está sendo ignorada a lei universal de causa e efeito.

 

E a corrupção? Principalmente, a corrupção dos políticos? Esses representantes do povo e que deveriam ser os guardiões e os defensores da moral, dos bons costumes e da ordem pública, principalmente com o erário público, chegam a transportar dinheiro roubado dentro da cueca. Não respeitam a base da dignidade humana. Enfim, tudo aquilo que seria de uso para o bem, vem sendo, amplamente, usado para o mal. Deixa-se de observar, de buscar o bem público, o bem-estar social para satisfazer, elevar e ostentar o seu próprio ego e a ganância pessoal.

  

Sendo o homem um animal racional, ocupante do primeiro lugar na escala zoológica, é lamentável constatarmos que existem animais se comportando, por instinto, de forma mais prática. O raciocínio vem sendo usado com insistência para o crime e para a destruição. Tudo na vida apresenta melhora, menos o homem.  A vida está banalizada. Mata-se por idiotices. O sofrimento da sociedade se reflete naquilo que o homem cria com uma mão e destrói com a outra.

 

Patente está de que o ser humano aprende a viver à base de exemplos. Qual o bem que poderá fazer a uma criança que assiste a um filme de faroeste? Um programa de crimes que mostra escancaradamente as vítimas? Uma luta livre ou de Box, coisas essas que têm por sinônimo a violência? --- Essas formas de entretenimento dão clara interpretação de que o homem tem o instinto violento.

 

O comportamento de um adulto é um exemplo para uma criança. Uma criança que presencia um crime pode guardar esse quadro de horror por toda a sua vida e essa lembrança associada à fantasia pode lhe fazer muito mal.

 

Eu tenho guardado comigo cenas vivas do meu tempo de criança. Certa vez, ao passar à porta do bar do Edmundo Simões, então, situado à Praça Antônio Furtado, quando dois homens brigavam e um arrancou de uma faca e sangrou o outro num cena deplorável. Um se chamava Belarmino e o outro Mané Mulato... Outra vez quando na Igrejinha do Rosário, um homem bêbado deu um tiro no meio do povo e acertou uma filha do senhor Sidney Galdino...

 

 Outra vez eu pude presenciar uma cena terrível quando aconteceu no Bairro da Lage, em Candeias, um crime bárbaro. O marido, que se chamava Afonso, matou a facadas a sua esposa, Afonsa, e logo se suicidou, ficando os dois corpos banhados, em um poço de sangue, no interior da residência. Essas cenas até hoje, encontra-se guardadas dentro de mim cuja lembrança fúnebre eu jamais consegui expurga-la.

 

A fragilidade das autoridades da época deixou que esse quadro de horror ficasse à disposição dos curiosos, dentre eles: adultos, crianças e idosos. Todos podiam ver de perto os corpos sem vida expondo um quadro, verdadeiramente, assustador. Supunha-se tratar de um crime passional. O fato de marido e mulher terem o mesmo nome criou-se, por muitos anos, entre os candeenses, o mito de que o casamento de ambos de nomes iguais não teria sorte.

 

Até hoje, após mais de sessenta anos, vem à tona de minha memória todos esses quadros de horror que entrou pelos meus olhos, passou pelo meu cérebro e ficou estacionado dentro do meu coração.

 

O mundo não está ameaçado pelas pessoas más e sim por aquelas que permitem a maldade. (Albert Einstein)

 

Armando Melo de Castro

Candeias Casos e acasos.

sábado, 1 de junho de 2013

UM QUEBRA-PAU FAMILIAR.

Foto para ilustração do texto.
Este  texto foi transferido para o livro CANDEIAS MG CASOS E ACASOS.